Cultura

Edital do BB para cinema pergunta se há cenas de nudez ou sexo explícito

Todos os editais afirmam que não será selecionada obra que "incentive o uso de bebidas alcoólicas, cigarro ou outras drogas"

BB tira anúncios de site acusado de postar fake e Carlos Bolsonaro reclama

A BB DTVM, subsidiária do Banco do Brasil, abriu nesta segunda (12) um edital para seleção de filmes que receberão investimentos da empresa via Lei do Audiovisual.

No formulário de inscrição, há um campo “informações adicionais” que pergunta “se serão exibidas cenas de nudez ou de sexo explícito”, se “a obra faz referência a crimes, drogas, prostituição” e se “tem cunho religioso ou político”. Em 2018 e 2017 não houve essas perguntas.

Todos os editais afirmam que não será selecionada obra que “incentive o uso de bebidas alcoólicas, cigarro ou outras drogas”, “possua caráter religioso ou promovido por entidade religiosa” e que “tenha cunho político-eleitoral-partidário”, mas é a primeira vez em que é preciso responder sobre o conteúdo desta maneira.

Após a publicação, o Sindicato de Bancários de São Paulo, Osasco e Região se manifestou contra o documento. “O BB deveria zelar pela pluralidade de ideias e de temas. Vetar que empresas públicas financiem obras cinematográficas devido ao seu conteúdo é uma clara tentativa de censura”, disse João Fukunaga, secretário de assuntos jurídicos do órgão.

Em abril, o presidente Jair Bolsonaro mandou tirar do ar uma propaganda do Banco do Brasil. No comercial, os atores são quase todos jovens, há mulheres e homens negros, e uma das personagens é transexual. Muitos aparecem com tatuagens e cabelos coloridos. ​

Na semana passada, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou que a Ancine (Agência Nacional do Cinema) precisa estar “adaptada aos preceitos que a maioria da sociedade vivencia”.

Em julho, Bolsonaro disse que a Ancine poderia ser privatizada ou extinta caso não fosse possível usar filtros nas produções nacionais. Ele criticou o patrocínio pelo filme Bruna Surfistinha, protagonizado pela atriz Deborah Secco.

Em 2 de agosto, porém, ele disse à imprensa que pode recuar da ideia da extinção. “Se recuar, recuo. Quantas vezes vocês falam que eu recuei? Tem a questão do audiovisual que emprega muita gente, tem de ver por esse lado”, afirmou.