Militância

Efeito Larissa pode mudar o jogo eleitoral

Esqueça a militância de rua. Aquela em que petistas ou comunistas abraçavam bandeiras vermelhas por…

Esqueça a militância de rua. Aquela em que petistas ou comunistas abraçavam bandeiras vermelhas por acreditar em um mundo melhor.

Os militantes de rua, até mesmo os que participam de comícios, são hoje remunerados.  

Muitos dos participantes da inauguração dos comitês em Goiás estavam ali com os braços para cima por conta de algum cachê. E nenhum partido abre mão da militância que apoia tendo em vista alguma forma de ganho.

Essa plateia serve para inúmeros objetivos, inclusive impressionar e formar volume nos eventos.

O que ninguém esperava é o ‘efeito Larissa’.  De uns dias para cá, surgiu uma militância aguerrida nas redes sociais.  E grátis. E preparada para o debate.

Eles são mais ou menos semelhantes aos militantes da década de 1980, mas desterritorializados.  Não vislumbram revoluções, mas uma vida com mais segurança ou sem grandes surpresas.

A estudante Larissa Paiva surgiu nesta semana como um dos fatos novos da campanha em Goiás: por livre e espontânea vontade resolveu apoiar um dos candidatos e montou um comitê virtual.

É desse bunker que mune outros auxiliares e faz uma campanha completamente espontânea e grátis para Marconi Perillo (PSDB), candidato ao governo.

Larissa criou um grupo, #GO45, e começou a se interagir. Só foi conhecer o governador nesta semana, quando virou hit entre os coordenadores de campanha do PSDB e um alvo a ser observado pelos adversários.

Todos têm militantes virtuais engajados, mas a moça mostrou uma desenvoltura que saltou aos olhos.  Ela entra em conflitos na rede – e com elegância e desenvoltura debate de tudo.

Larissa explica ao MAIS GOIÁS que a ação de procurar apoiar publicamente seu candidato se deve ao interesse em participar mais da construção da cidadania e dos debates políticos.

O discurso mais engajado de Marconi atraiu a jovem e outros estudantes que a seguiram.  Essa corrente começou a tomar forma nos últimos seis dias e pode ser o fato novo desta eleição.

PERFIL

Em recente inauguração de comitê de aliados, Marconi citou o filósofo Bertold Brecht (autor do poema “O Analfabeto Político”) e falou sobre educação.

O jeito despojado do governador, que interage nas redes sociais, chamou atenção dos mais jovens. Essa capacidade de dialogar com a cibercultura o aproxima de nichos de nerds, geeks, cibertativistas e  toda uma sorte de jovens e tribos alinhadas aos temas alternativos e culturalistas.

A militante virtual mais aguerrida surgiu após avaliar os perfis dos demais candidatos. Larissa diz que era cética inicialmente, mas sentiu vontade de participar.

 “A nossa decisão veio após analisarmos a realidade do Estado. Ele fez um conjunto de obras que o qualifica para isso”, disse a estudante de arquitetura e filha de empresários.

A iniciativa de Larissa surgiu primeiro no Whats App, mas depois migrou para outras plataformas.  Lucas Fernandes, estudante de direito, é outro que usa o Facebook para declarar apoio ao governador. “Não sei se vou fazer campanha. Mas por enquanto estou o defendendo. Tem muita injustiça sendo dita aí”.

SEGUIDOR FIEL

Não é só Marconi que tem militantes aguerridos e que se expõem sem medo. Vanderlan Cardoso (PSB), por exemplo, tem um seguidor disposto a tudo para defender seu candidato.

Cid Sá de Sousa faz questão de expor seu ponto de vista nas redes: diz que é assembleiano, mas que vai votar em Vanderlan.

A declaração pública é complexa e polêmica, pois se a igreja se inclinar a votar em um candidato (como optou recentemente), mesmo que não soe como obrigatório o comando, existe uma sensação de que o fiel não pode se rebelar contra quem prega a palavra de Deus. É quase um mandamento bíblico.  

Como religioso, ele entra em conflito com os demais integrantes da igreja que frequenta e se expõe corajosamente na rede: “Quero informar que sou evangélico e assembleiano e esse cidadão não tem esse poder de declarar apoio a esse Governo”.

O militante se refere à recente declaração de nada mais nada menos um dos maiores lideres da igreja no país, que optou e declarar seu voto.  Não é proibido declarar o voto. Entretanto, o religioso emendou publicamente o líder. Mais tenso do que Larissa, Cid Sá enfrenta simplesmente o direito de bispo Manoel Ferreira, presidente das Assembleias de Deus do Brasil e presidente do Conselho Nacional dos Pastores do Brasil, declarar seu voto.

Com Cid, não: nem se Deus mandar. O voto dele é de Vanderlan.

Hit no Instagram

Nos últimos dias, o candidato ao governo Marconi Perillo se transformou também em hit no Instagram, a rede de compartilhamento de imagens.

Sua imagem em forma de biscuit está correndo os sites mais variados. A maioria elogia a artista, que retratou o político com bom humor.

A criadora é Rackel, uma aficionada em biscuit e artista goiana que atua no segmento de produção de imagens. “Torcer para o Governador gostar”, diz.

Na imagem, Perillo aparece com a faixa de eleito e um tucano ao lado. O olhar lembra o político, bem como os primeiros fios brancos da comportada cabeleira.