Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabrício Queiroz disse em depoimento no presídio Bangu 8, no Rio de Janeiro, que deu “satisfação” ao filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o caso das “rachadinhas”.
A declaração foi exibida, com exclusividade, pelo Jornal Nacional, que teve acesso ao vídeo do depoimento relacionado à investigação sobre o suposto vazamento de informações sobre a Operação Furna da Onça.
Segundo Queiroz, Flávio ficou surpreso ao ser informado sobre a ‘rachadinha‘.
“Eu tive um contato com o senador — ele não era senador, era deputado, mas já estava eleito. Eu dei satisfação a ele do que aconteceu. Ele estava muito chateado, revoltado. Ele falou: ‘Não acredito que tu tenha feito isso, não acredito'”, disse no vídeo.
As imagens trazem ainda o ex-assessor afirmando que acreditava que iria trabalhar com Jair ou com o senador após a família vencer as eleições em 2018.
“Com um ou com outro”, disse. Ao ser questionado se seria em Brasília, Queiroz confirmou: “Era o certo, não é? Acho que sim. Só se eles não quisessem”.
O nome de Queiroz foi citado em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) associado a movimentações financeiras atípicas da ordem de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Foi verificado um grande número de operações com dinheiro vivo assim como depósitos de assessores e ex-assessores de Flávio Bolsonaro na conta de Queiroz, que atualmente está em prisão domiciliar após autorização do presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Como funcionava a rachadinha, segundo o MP-RJ
Segundo o MP-RJ, a rachadinha ocorreu no gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro entre abril de 2007 e dezembro de 2018. Os promotores apontaram Queiroz como o operador financeiro de um esquema que movimentou mais de R$ 2 milhões no período, com a participação de ao menos 11 servidores, que repassavam 40% dos seus salários —média de R$ 15 mil por mês, segundo levantamento feito pelo UOL.
Os recolhimentos eram feitos próximos às datas dos pagamentos dos salários na Alerj. Os funcionários eram ligados a Queiroz por relações de parentesco, vizinhança ou amizade, aponta o MP-RJ.
A investigação começou quando relatório do Coaf indicou movimentação atípica nas contas Queiroz de R$ 1,2 milhão em um ano, com depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas aos pagamentos na Alerj. Queiroz disse ao MP que usava o dinheiro para remunerar assessores informais do gabinete. Mas a defesa nunca apontou quem eram os supostos beneficiários.