Em Goiás, o Geed capacita profissionais e informa a população sobre o enfrentamento às drogas
Mais de 3 mil pessoas já foram atendidas pelo grupo, que surgiu em 2013 com o objetivo de ampliar as políticas contra o uso de entorpecentes
Com foco principal na prevenção, o Grupo Executivo de Enfrentamento às Drogas de Goiás (Geed) já atendeu 3.382 pessoas desde maio de 2014. A iniciativa surgiu em 2013, com a proposta do governo de Goiás de construir políticas contra as drogas e desenvolver as ações que já existiam.
Atualmente, o Geed encaminha usuários de drogas, que se apresentam espontaneamente, para quase 700 vagas em instituições terapêuticas em todo o Estado. O grupo trabalha em diversos eixos, levando informação para crianças e adolescentes e também no cuidado com as famílias de usuários que passam por tratamento. Pessoas que precisam de ajuda podem conseguir orientação pelo Disque Recomeço 0880 649 0145.
O trabalho também é realizado na repressão, por meio de denúncias anônimas. No eixo de cuidados, a pessoa que se apresenta no Centro de Avaliação Terapêutica Álcool e Outras Droga (Ceat), localizado no Setor Sul, passa por uma triagem com médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. “Se ele precisar, é encaminhado para o processo de desintoxicação, realizado em instituições da rede municipal e parcerias. Com a experiência, percebemos a necessidade de fazer análise profunda de cada caso que chega até nós por meio de uma equipe multidisciplinar”, explica a diretora-geral do Geed, Ivânia Fernandes.
O Ceat também é porta de entrada para o Centro de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeq – Prof. Jamil Issy). Porém, Ivânia explica que a instituição tem atendido mais a demanda vinda de outros municípios. “Isso deve mudar com a inauguração das novas unidades”, explica a diretora.
Ações
Ivânia destaca que os projetos de prevenção são o carro-chefe do Geed, por mostrar à sociedade a importância de cuidar das pessoas que estão ao redor. Por meio do Projeto Farol, por exemplo, diretores, coordenadores e equipe multidisciplinar de escolas de Anápolis foram capacitados a identificar crianças e adolescentes que têm predisposição a ser um usuário de drogas.
“Percebemos esta característica em determinados alunos hiperativos, que são tratados com remédios tarja preta. Pode ser que, no futuro, ao deixar de usar essa medicação, essa pessoa passe a usar algum entorpecente, pois tornou-se dependente do remédio”, explica a diretora.
O Geed também tem outros projetos de prevenção, como o Anjos Urbanos, que leva seminários e palestras a diversas cidades, com o apoio das prefeituras e de igrejas. Outra ação é o Projeto Vencer, que identificou os 15 bairros de Goiânia com maior índice de violência. Foram selecionados 23 colégios destas regiões, que recebem diversas atividade de conscientização sobre os problemas que o uso de drogas pode trazer. Na primeira fase do projeto, 14 escolas foram atendidas.
O Vencer Empreender também é um importante projeto, que visa mostrar aos adolescentes que, mesmo com pouca idade, é possível começar o próprio negócio. O projeto é realizado em parceria com o Sebrae e o Banco do Povo. No dia 30 de março, uma edição foi realizada no Palácio das Esmeraldas, onde 246 alunos de escolas públicas assistiram a depoimentos de jovens que conseguiram montar o próprio negócio. Entre eles, está o de uma adolescente de 16 anos que ganha R$ 20 mil por mês vendendo bolo no pote. O objetivo é levar os projetos também a outros municípios.
Municípios
Para ampliar as políticas de enfrentamento às drogas, o Geed incentiva os municípios a criarem os conselhos municipais de Políticas Sobre Drogas. “Nós exigimos dos prefeitos que tenha um espaço físico disponível e uma equipe. Com isso preparado, iniciamos a capacitação das pessoas que estão envolvidas. É preciso partir dos municípios, não aceitamos que o órgão seja criado e não trabalhe de verdade”, afirma a diretora.
De acordo com Ivânia, o Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas fiscaliza constantemente os conselhos municipais e as instituições terapêuticas, para garantir que o trabalho seja realizado segundo as diretrizes. “A política sobre droga é uma evolução. À medida que trabalhamos, percebemos a necessidade de novas abordagens”, afirma Ivânia.
Desde sua criação, o Ceat realizou mais de 10 mil orientações a usuários de drogas e suas famílias. A maior parte das pessoas que procuram atendimento são homens solteiros; 40% são de Goiânia e 28% estavam em situação de rua.