Empregada diz que mãe dava remédio de ansiedade para Henry 3 vezes ao dia
Henry foi morto no último dia 8 de março; mãe e padrasto estão presos suspeitos da morte do menino
A empregada doméstica Leila Rosângela de Souza Mattos, que trabalhava na casa do médico e vereador Dr. Jairinho (sem partido) e Monique Medeiros, padrasto e mãe do menino Henry Borel, disse em novo depoimento na última quarta-feira (14) que Monique dava remédio de ansiedade para o filho pelo menos três vezes ao dia porque ele era um menino que “não dormia direito”.
Leila Rosângela explicou no novo depoimento, obtido pelo UOL, que Monique e Jairinho faziam uso de muitos remédios, mas não sabe por que os patrões faziam uso excessivo de medicamentos. Ela ainda comentou que Monique dava “remédio para ansiedade” três vezes ao dia para Henry, além de xarope de maracujá porque o menino “não dormia direito, passava muito tempo acordado”.
A funcionária declarou que Henry “chorava o tempo todo” e, às vezes, vomitava, entretanto, não sabia das causas que levavam o menino a ter essa reação. Leila Rosângela chegou a dizer que uma vez viu o garoto chorar muito e escutou Monique dizer que ele era “muito mimado” e, se continuasse chorando, “levaria ele [Henry] para morar com o pai dele”. Segundo a empregada, a criança teria respondido que não queria morar com o pai.
No novo depoimento aos agentes da 16ª DP, a funcionária contou que no dia 12 de fevereiro, o parlamentar e Henry ficaram trancados, por aproximadamente 10 minutos, no mesmo quarto. Ela explicou que Thayná de Oliveira Ferreira, babá do menino, ficou preocupada com a atitude do patrão pois Monique não queria que os dois ficassem sozinhos no quarto.
Leila Rosângela declarou que estava na cozinha na ocasião, mas não ouviu nenhum barulho. Porém, depois do referido tempo, ela contou ter visto o menino saindo do cômodo correndo com uma “cara de apavorado” em direção ao colo da babá. Todavia, a criança não quis dizer para Thayná o que aconteceu ao ser questionado por ela.
Quando Jairinho saiu do quarto, ele chamou Henry para que o menino o cumprimentasse com a mão, mas a criança não quis “bater na mão” do padrasto. Então, a babá pegou o menino no colo e levou até o parlamentar para que o garoto batesse na mão dele. Após o menino corresponder, o médico saiu do apartamento.
A empregada explicou que ouviu a babá questionando o menino novamente sobre por que ele estava mancando, e o garoto respondeu que havia caído da cama e o joelho estava doendo. Na sequência, Thayná teria dito à Leila Rosângela que não queria ficar sozinha com Henry no apartamentão, então, a empregada desceu com os dois para uma área comum do condomínio.
A funcionária contou ainda que após o episódio notou o menino mancando, entretanto, não questionou a criança sobre isso. Além disso, ela afirmou que ouviu Henry dizendo para Thayná que não queria que a funcionária penteasse o cabelo dele pois estava com dor de cabeça.
Monique teria dito que Henry teve ‘surto’ no Carnaval
De acordo com o depoimento da empregada, no dia 14 de fevereiro, domingo de Carnaval e dois dias após a babá mandar mensagens quase que em tempo real avisando Monique que o menino levava bandas (rasteiras) e chutes do padrasto (veja a íntegra aqui), Leila disse que ligou para a patroa para saber quando deveria voltar ao apartamento para trabalhar.
Monique, que estava viajando com Jairinho e Henry na ocasião, teria dito que quase voltou para casa no sábado porque “Henry teve um surto com Jairinho” e “foi a maior discussão”, mas ela conseguiu acalmar a criança e, por isso, o trio ficaria no local até segunda-feira (15) de fevereiro.
A empregada foi questionada porque não informou esses fatos no depoimento que concedeu à polícia no último mês e ela respondeu que “não se recordava de tais acontecimentos”. Os agentes, então, perguntaram se ela tinha problemas de memória ou tomava algum medicamento controlado e a funcionária afirmou que não.
Leila Rosângela ainda negou que tenha sido orientada pelo ex-advogado do casal, André França Barreto, sobre o que deveria falar em uma entrevista para uma emissora de televisão. No entanto, a babá do menino disse em novo depoimento, na segunda-feira (12), que a empregada tinha conhecimento das agressões contra o menino e que Leila foi levada ao escritório de Barreto, no mesmo dia que ela, para ser orientada sobre quais respostas dar na entrevista e no depoimento à polícia.
Monique Medeiros e Jairinho foram presos temporariamente no dia 8 de abril pois, segundo investigadores, o pedido de prisão aconteceu pelo casal atrapalhar investigações e ameaçar testemunhas. A mãe de Henry foi encaminhada ao Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói, e o vereador Jairinho foi levado para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó.