Empresária que atropelou e matou mulher após briga em Goiânia tinha ciência do ato, diz laudo
Apesar de transtorno de personalidade, empresária tinha consciência do que fazia no momento do crime, aponta laudo do TJGO anexado ao processo
Laudo do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) aponta, que apesar de ter transtorno de personalidade, a empresária Murielly Alves Costa, de 27 anos, acusada de matar uma mulher atropelada em uma distribuidora de bebidas, em Goiânia, tinha consciência do que estava fazendo no momento do crime. O documento é assinado pela psiquiatra da junta médica do TJ, Ana Paula Montoro e foi juntado ao processo no último dia 11.
“Pode-se afirmar que a examinada é portadora de um transtorno de personalidade com instabilidade emocional. Trata-se de uma perturbação grave da constituição caracterológica e das tendências comportamentais do indivíduo, não diretamente imputavél a uma doença, lesão ou outra afecção cerebral, segundo critérios da classificação de transtornos mentais e comportamentais (CID-10)”, diz trecho do laudo.
“[…] A capacidade de entendimento, que depende basicamente da condição cognitiva do indivíduo, não está afetada no transtorno de personalidade, portanto esses indivíduos são detentores de plena capacidade de entendimento em relação à prática de um determinado ato”, acrescenta o documento.
Murielly segue presa após ter sido indiciada por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil, que impossibilitou a defesa da vítima, além de tentativa de homicídio pelo mesmo motivo.
Segundo o laudo, mesmo detida, ela faz uso de remédios para tratar alcoolismo, transtorno bipolar e depressão. O documento revela ainda que ela usou medicamento para epilepsia até os 5 anos.
À junta médica do TJGO, a empresária revelou que começou a fazer tratamento psiquiátrico aos 13 anos, depois de sofrer um suposto abuso. No entanto, a terapia era feita de forma irregular. Com isso, ela começou a consumir bebida alcoólica diariamente aos 13 anos de idade.
A mãe da acusada também foi ouvida pela junta médica e expôs que a filha era muito agitada e tinha crises nervosas. Com isso, a psiquiatra recomendou tratamento psicológico “em regime ambulatorial”.
Relembre o crime
O crime aconteceu na madrugada de 21 de abril no Jardim Pompeia, em Goiânia. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Marcos Gomes, Murielly chegou embriagada à distribuidora de bebidas, causando confusão com várias pessoas, inclusive com o proprietário do estabelecimento.
As vítimas, então, tentaram intervir, o que gerou nova discussão. Parte da briga foi filmada (abaixo). De acordo com Marcos Gomes, em determinado momento, uma das mulheres jogou um copo de cerveja na empresária. Em seguida, a suspeita entrou no carro e foi embora. Minutos mais tarde, voltou ao local e atropelou as vítimas.
Na sequência, a vítima fatal, identificada como Bárbara Angélica Barbosa Silva, de 30 anos, tentou pegar a chave do carro da empresária, que acelerou o veículo e prensou a vítima em uma pilastra. A mulher não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A outra vítima, Kamyla Lima, companheira de Bárbara, foi levada para o hospital e recebeu alta.
Depois do crime, a empresária fugiu do local. Ela foi encontrada por policiais na cidade de Nerópolis, na região metropolitana de Goiânia. Aos militares, ela afirmou que não se lembrava do ocorrido, então, os PMs mostraram o vídeo e ela se reconheceu nas imagens. A acusada foi presa em flagrante e encaminhada à Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH).