Empresário que filmou mulheres praticando ioga critica Lei Maria da Penha; vídeo
Ricardo Roriz sugere a criação de uma lei que dê o "direito de enfiar a porrada" na mulher em situações em que ela "encha o saco"
Mais uma polêmica envolvendo o dono de uma loja de artigos militares, Ricardo Roriz, 62 anos. Ele, que está sendo investigado por filmar e divulgar vídeos que expõem mulheres praticando ioga no Rio de Janeiro, agora aparece em uma gravação criticando a Lei Maria da Penha.
No novo vídeo, Ricardo diz que “após realizar um pensamento profundo, chegou à conclusão do porquê mulher é um bicho chato”. Segundo ele, a responsável por esse tipo de comportamento é a Lei Maria da Penha, criada com o objetivo de impedir que mulheres fossem vítimas de violência.
O empresário sugere a criação de uma lei que dê o “direito de enfiar a porrada” na companheira em situações em que ela “encha o saco”. “Toda mulher seria maravilhosa, seria calminha. Você ia chegar em casa, quando ela começasse com a ladainha você falava ‘hein? O que é?’, ela ia falar ‘não é nada não meu amor’, ‘ah bom pensei que você ia falar alguma coisa'”.
Este é Ricardo Roriz, acusado de filmar e expor, sem consentimento e de forma grosseira, em suas redes sociais vídeo de duas mulheres praticando ioga no RJ.
Veja o que ele fala sobre a Lei Maria da Penha e seu “pensamento profundo” sobre como as mulheres deveriam ser tratadas. pic.twitter.com/bQBzK6v1ca
— Márcio Nakashima (@MarcioNakashima) August 11, 2020
Segundo Ricardo Roriz, ele gravou o vídeo motivado pelas reclamações da esposa, que o criticou após andar de bicicleta por cerca de três horas. “Acabei de chegar da minha pedalada e a mulher ficou de ladainha no meu ouvido, falando que eu só penso em mim”.
Por conta da gravação, o empresário terá de prestar novos esclarecimentos à Polícia Civil e vai responder por incitação ao crime contra mulher.
Relembre o caso
A advogada Mariana Maduro foi exposta na internet após ser filmada enquanto praticava ioga no Rio de Janeiro. No vídeo, Ricardo Roriz, e um homem identificado como Celsão, trocam um diálogo de cunho sexual. A Polícia Civil investiga os crimes de injúria, perturbação de tranquilidade e gesto obsceno.
Em um perfil na rede social, Mariana Maduro chorou e se mostrou bastante assustada. “Quem vai ficar sem fazer ioga sou eu, quem está se sentindo violentada, estuprada sou eu, na minha cidade, no meu cantinho sagrado, sou eu. E esses doentes estão rindo e postando isso”, desabafou.
Homenagem para Bolsonaro
Ricardo Roriz virou notícia em 2018 quando, no lançamento da candidatura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apareceu na cerimônia com uma tatuagem do rosto do político. Na época, ele disse que a homenagem serve não só para mostrar a admiração, mas também a confiança que tem em Bolsonaro.
Esse é o indivíduo Ricardo Roriz que filmou moças fazendo yoga na praia do Rio de Janeiro. Jogou os vídeos nas redes sociais para a macharada fazer comentários de cunho sexual sobre elas. Olhe a tatuagem dele. pic.twitter.com/1fGAwewBgc
— FridaLulaNoSeuKhalo 🚩🚩🚩 (@FridaLulaKhalo) August 5, 2020
Lei Maria da Penha
A Lei Maria da Penha completou 14 anos no dia 7 de agosto. Segundo o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), do início do ano até agora, já foram julgadas 13.882 ações relacionadas à violência doméstica somente em Goiás.
Ainda de acordo com o TJ-GO, a estatística de casos cresceu nos últimos cinco anos. Em 2017, chegaram à justiça mais de 22 mil processos referente a agressões contra a mulher. Em 2018 o número saltou para mais de 27 mil ações. Já em 2019, o total de casos que chegaram à justiça foi de 31.511.
O principal objetivo da Lei Maria da Penha é estipular punição adequada e coibir atos de violência doméstica contra a mulher. A lei foi decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, entrando em vigor no dia 22 de setembro de 2006.
https://www.pragmatismopolitico.com.br/2020/08/empresario-bolsonarista-ricardo-roriz-ioga.html