R$ 8 mil

Enfermeiro que se envolveu com padre em Brasília tentou extorquir cardeal

O enfermeiro, que trabalhou no Instituto Bíblico de Brasília por dois anos, pediu R$ 8 mil por seu silêncio

Foto: Reprodução

No fim de junho, um enfermeiro que prestou serviços no Instituto Bíblico de Brasília por dois anos revelou que mantinha relações sexuais com padres no local sagrado. Documentos entregues à Arquidiocese da capital federal apresentam vídeos, fotos e conversas de Whatsapp que comprovaram os acontecimentos.

Mediante o escândalo, o enfermeiro viu uma oportunidade de se aproveitar da situação e tentou extorquir Dom Paulo Cezar Costa, cardeal de Brasília, propondo o valor de R$ 8 mil reais em troca de seu silêncio. O cardeal, porém, não fez nenhum acordo e acionou as autoridades.

Dada a denúncia, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu, na última sexta-feira (8), em Santa Maria, um mandado de busca e apreensão na casa do enfermeiro acusado de extorsão. As equipes apreenderam computador e celular do investigado, que afirma que o padre Brás Costa teria transformado o Instituto em um motel.

À época do escândalo, o profissional da saúde contou que era “agradado” pelo padre e que “quase todos os seminaristas do Instituto sabiam e participavam das sessões de sexo”. “Ficava muito claro que eu poderia perder o meu emprego caso não aceitasse. Acabei mantendo relações sexuais com esse padre durante dois anos. Isso acabou com a minha vida: tive depressão e até tentei suicídio”, acrescentou ele.

“Tudo era combinado pelo WhatsApp e, em alguns momentos, eu recebia dinheiro do padre Brás”, detalhou o enfermeiro, relatando que os atos aconteciam em todos os cômodos do Instituto.

Padre Brás nega envolvimento com enfermeiro

Ao Metrópoles, o padre Brás Costa negou qualquer envolvimento com o enfermeiro dentro ou fora do Instituto Bíblico de Brasília. “Ele prestou serviço no instituto e, há alguns meses, quis me extorquir com essas fotos. Como não cedi, ele procurou a imprensa”, declarou.

Sobre o vídeo em que aparece elogiando o pênis do rapaz, ele se defendeu alegando que “só disse que era bonito”.

Pronunciamento da Arquidiocese

A Arquidiocese já se pronunciou oficialmente sobre o caso. Como Brás Costa foi ordenado padre na Suíça, a mesma pediu que o bispo da Diocese de Lugano tome providências “pela situação canônica e religiosa”.

Confira nota na íntegra

“O Sr. Arcebispo Dom Paulo Cezar Costa tomou conhecimento acerca da situação do Instituto Bíblico de Brasília.

Diante das circunstâncias que conheceu, considerando tradições e peculiaridades próprias da Igreja Católica, instituiu a Visita Canônica ao referido Instituto no mês de novembro de 2021, designando responsáveis para apurar eventuais irregularidades, de modo que pudesse decidir a respeito do futuro institucional da entidade, cujo resultado foi ‘encerrar as atividades’.

Quanto aos fatos apontados pelo Sr. F., importante dizer que a Arquidiocese de Brasília, na pessoa do Sr. Arcebispo o acolheu, ouvindo suas declarações e lhe prestando assistência, encaminhando as providências próprias que lhe cabe no âmbito religioso.

Entretanto, no que toca ao sentimento de assédio por parte do denunciante, não cabe a Igreja trazer definições. Pois aquele que se sentir lesado em sua honra tem o direito de buscar o Poder Judiciário para sanar o dano que supostamente lhe tenha sido causado por outrem. Recomenda-se que o denunciante busque solucionar esta situação perante a Justiça Civil do País, isso porque foge a jurisdição canônica da Igreja.

Quanto ao Pe. Brás Ivan Costa Santos, importante destacar que ele não faz parte do Clero de Brasília, dessa forma, a responsabilidade pela situação canônica e religiosa do padre compete ao Bispo da Diocese de Lugano, na Suíça, onde o mesmo foi ordenado padre e se encontra incardinado.

Dom Paulo Cezar já pediu providências ao Bispo de Lugano, na Suíça, informando sua decisão contrária à permanência do Pe. Brás Ivan no território da Arquidiocese de Brasília. Além disso, o Arcebispo de Brasília continuará empenhando todos os esforços, dentro de suas competências canônicas, para resolver a situação.”