Rio de Janeiro

Engenheira denuncia que foi dopada durante corrida de aplicativo no Rio de Janeiro

A vítima, que registrou o boletim de ocorrência na 12ª DP (Copacabana), contou que o homem afirmou ser álcool o produto borrifado no veículo

Caso foi registrado na delegacia da Gávea (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a denúncia de uma engenheira de 35 anos que diz ter sido dopada por um motorista de aplicativo durante uma corrida entre São Conrado, na Zona Sul do Rio, e a Barra da Tijuca, na Zona Oeste, nesta segunda-feira (2). A vítima, que registrou o boletim de ocorrência na 12ª DP (Copacabana), contou que o homem afirmou ser álcool o produto borrifado no veículo. No entanto, ela garante que começou a passar mal após sentir o cheiro e perder parte dos sentidos. Com medo de algo pior, pediu que ele parasse em um posto de gasolina, próximo a um hospital na Avenida das Américas, alegando que compraria algo para comer. No posto de conveniência, ela pediu ajuda a uma atendente e em seguida o motorista foi embora. Os investigadores apuram o caso como lesão corporal.

— Eu ia de São Conrado à Barra e embarquei por volta das 11h, de ontem. O vidro estava fechado, porque o ar estava ligado. Na altura do Túnel do Joá, ele espirrou um spray. Como eu estava respondendo vários e-mails, eu não vi se ele jogou em minha direção ou não. Só senti muita falta de ar, porque o cheiro era muito forte. Comecei a passar mal e abrir o vidro – conta a mulher, que completa:

— Ele questionou porque eu havia abaixado o vidro, já que o ar estava ligado, e falei que o cheiro estava muito forte. Notei que ele diminuiu a velocidade ou o tempo passava muito devagar. Eu só queria sair daquele carro. Vi um posto de gasolina e falei com ele que iria comprar uma água e pegar um salgado porque estava sem comer. Ele parou, entrei desnorteada na loja de conveniência e pedi ajuda para a atendente. Eu não sentia o chão. A moça me serviu uma água, eu cancelei a corrida e ele ainda ficou um tempo até ir embora com todos os vidros abertos. Ele estava de máscara e boné – lembrou.

Num primeiro momento, a engenheira conta que ficou com receio de registrar o boletim de ocorrência e fez apenas uma postagem em uma rede social. Entretanto, ela mudou de ideia e procurou a polícia após ser encorajada por amigos policiais.

— Acontece isso e ficamos com vergonha. Eu não iria fazer esse boletim de ocorrência. Publiquei nas redes sociais e mais de 10 meninas me procuraram contando que foram vítimas desse mesmo modo. Mas elas não quiseram levar à frente. É um spray e as pessoas ficam com dúvidas se foram dopadas ou não. Por isso elas deixam para lá. Elas acham que serão chamadas de loucas. Eu até não iria registrar o boletim de ocorrência, mas é importante levar isso à polícia – contou ela.

O motorista e a passageira prestaram depoimentos na delegacia. A Polícia Civil disse que a mulher fará um exame toxicológico para descobrir se ela foi vítima de alguma substância. A reportagem não conseguiu contato com o homem.

Em nota, a Uber disse que “trata todas as denúncias com a máxima seriedade e avalia cada caso individualmente para tomar as medidas cabíveis”. A empresa destacou que “permanece com seu canal de ajuda sempre aberto para oferecer suporte e receber denúncias pelo aplicativo e informa que segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, na forma da lei”.

Outro caso

No último sábado, uma mulher também usou as redes sociais para denunciar um caso semelhante. A passageira contou estar com duas amigas entre a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes. Após percorreram um quilômetro, “o motorista começou a espirar, de forma contínua, um cheiro muito forte no carro”, relatou a mulher.

Segundo a passageira, o homem “jogava em uma direção que o cheio não chegava nele”. Ela destacou que o odor foi tão forte que as três passageiras ficaram sem ar. Segundo ela, o motorista estava com um borrifador nas mãos e que as amigas abriram as janelas do carro imediatamente. A passageira ainda pediu que as mulheres ficassem atentas durante as viagens. Esse caso foi registrado na Polícia Civil.

“Tomem cuidado”, diz delegada.

A delegada Mônica da Silva Areal, da 12ª DP, ressalta que avisar parentes e amigos sobre dados da viagem por aplicativo — como quem é o motorista, a placa do carro, o trajeto que fará e o tempo do destino — é uma medida de segurança importante.

— Eu aconselho as vítimas a avisarem a um parente próximo ou amigo, a placa do carro, o nome do motorista e etc. Isso é mais fácil em Uber e 99app. Além disso, sempre fiquem atrás do banco do motorista e nunca na diagonal. Se possível, deixe a janela aberta, porque você pode gritar. Outra dica é a mulher, ou até mesmo o homem, não ficar distraído no celular. Gente mal-intencionada pode seguir para outro caminho e praticar algum crime. Sabemos que os motoristas também são vítimas dos criminosos – destaca a delegada.

Mônica Areal, que já foi titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Iguaçu, diz que atualmente existem várias drogas que podem deixar a vítima dopada.

— Tem várias substâncias que a pessoa não fica completamente apagada e não tem noção do que fala ou faz. Mas com a ajuda de peritos pode-se descobrir por qual drogas a pessoa foi dopada.