TRAGÉDIA

Equipes de busca seguem a procura de cinco desaparecidos em Petrópolis

De acordo com a Polícia Civil, até o momento foram registados 232 óbitos

Bombeiros buscam mais uma vítima na Chácara Flora Foto: Giovanni Mourão / Agência O Globo

Passados dezesseis dias da tragédia que provocou morte e devastação na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, as equipes de buscas concentram forças para encontrar os cinco últimos desaparecidos, vítimas das fortes chuvas. As vítimas restantes são um menino de 8 anos, e quatro homens adultos, com idades entre 20 e 61 anos.

Os trabalhos para encontrá-los se concentram em três pontos: no Morro da Oficina, onde estaria um dos desaparecidos, na Chácara Flora, onde estariam mais três vítimas, e na região do Rio Quitandinha, em busca de uma pessoa arrastada pela enxurrada.

De acordo com a Polícia Civil, até o momento foram registados 232 óbitos, sendo 138 mulheres, 94 homens e 44 menores de idade.

A corporação segue com uma base da Delegacia de Descoberta de Paradeiros montada na cidade para identificação e encaminhamento para os trâmites funerários, assim que as últimas vítimas forem encontradas.

Além da polícia, o Fórum de Petrópolis também mantém atuação em plantão para o trabalho de emissão de certidões de óbito, liberação e encaminhamento dos corpos para as respectivas famílias.

Titular da Comarca da cidade, o Juiz José Cláudio de Macedo Fernandes ressaltou a cooperação entre as autoridades para realização do trabalho.

“A tecnologia nos ajudou muito, hoje você tem formas de comunicação mais rápida. O nível de interação foi muito maior, até pelas redes sociais. O nível de comprometimento da sociedade foi muito maior também, não só do Rio, como do Brasil todo. Os policiais responsáveis recebiam os registros de ocorrência, iam até redes sociais, identificavam fotos e informações e isso acelerou o procedimento, foi uma coisa muito exitosa”, disse.

Na tragédia das chuvas na Região Serrana em 2011, o magistrado também atuou na liberação dos corpos para as famílias das vítimas. Com um número de vítimas bem maior na ocasião, alguns desaparecidos jamais foram encontrados e um caso em especial lembra ao juiz a importância do trabalho incessante para encontrar e identificar todas as vítimas de Petrópolis.

“Em 2011, nós não conseguimos encontrar todos os corpos. Teve uma família em que um filho foi levado pelas águas e eu encontrei a mãe desse menino, em que ela me pediu para que o filho dela fosse encontrado que ela queria enterrar esse menino, e ela não conseguiu. Tempos depois eu encontrei com um advogado que estava assessorando essa família e ele me falou que aquela mãe estava devastada pois não conseguiu enterrar o filho. Você enterrar um ente querido é o começo do luto, você termina um ciclo e começa outro. Por isso é muito importante encontrar todo mundo e nós vamos”, afirmou José Cláudio.

Além do trabalho em conjunto com o IML, o Fórum de Petrópolis também teve outro papel fundamental nos trabalhos de recuperação da cidade. Equipes do Corpo de Bombeiros que atuam na cidade estão utilizando as dependências do local para repousarem.

Como também é diretor do Fórum, o juiz José Cláudio de Macedo, com a concordância do presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, cedeu o local a corporação.

Número de desabrigados chega a 1.117

De acordo com números da Prefeitura de Petrópolis, até o momento, 1.117 pessoas seguem recebendo o suporte da Secretaria de Assistência Social do município. Desse total, 955 pessoas estão distribuídas escolas públicas, que servem como pontos de apoio, enquanto outras 162 estão abrigadas em locais estruturados de forma voluntária pelas comunidades, em igrejas, ONGs e demais entidades.

Nos locais, eles estão recebendo alimentação, suporte para a higiene pessoal, atendimento de assistência social, saúde, psicólogos, além de suporte de Agentes Comunitários e da Defesa Civil. As equipes da Prefeitura estão verificando os serviços sociais que podem ser destinados para cada grupo familiar. Há previsão de que todas também serão cadastradas no programa de aluguel social por terem perdido suas casas, e recebam o valor de R$ 1 mil.

*Com informações do Extra