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Escritora morre e deixa apartamento no Rio como herança para suas duas cachorrinhas

Imóvel de Nélida Piñon não pode ser vendido enquanto Suzy e Pilara viverem

Internada desde o dia 1º de dezembro no hospital CUF Descobertas, em Lisboa, a escritora Nélida Piñon fez um pedido especial no último sábado (17): ela pediu que suas cachorrinhas Suzy e Pilara fossem visitá-la na unidade de saúde. A clínica abriu uma exceção e atendeu ao pedido. Naquele mesmo dia, horas depois da visita, Piñon morreu vítima de complicações de uma cirurgia na vesícula.

“Foi uma despedida linda. Tinha que ver a cara dela quando viu as meninas em cima da cama, botando a patinha em cima do lençol, fazendo festinha“, conta Karla Vasconcelos, amiga e assessora pessoal da escritora há 25 anos.

A pinscher Suzy, de 13 anos, e à chihuahua Pilara, de 3, são “as meninas” da ex-presidente da Academia Brasileira de Letras.

Antes de morrer, Nélida Piñon fez constar em seu testamento que as duas cachorrinhas são as donas dos quatro apartamentos que ela mantém no mesmo prédio, um edifício de luxo à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio de Janeiro.

“Eu que administro tudo mas elas é que são as herdeiras de fato. Tanto é que lá está escrito que os apartamentos não podem ser vendidos enquanto as meninas estiverem vivas. É a casa delas, propriedade delas”, explica Karla.

Filha única, sem filhos e sem parentes próximos -exceto por alguns primos na Bahia e outros no Rio-, Nélida preocupou-se em garantir que o padrão de vida de suas cachorrinhas não irá cair após a sua morte. As duas são registradas com o sobrenome da família -Suzy Piñon e Pilara Piñon, esta última batizada em homenagem à bisavó da escritora-, e têm passaporte europeu.

As cachorrinhas fazem check-up completo a cada seis meses. “Elas adoram queijo manchego [espanhol], anchovas e foie gras”, cita Karla. “Tudo delas é do bom e do melhor, e vai continuar sendo”, garante ela, oficializada como a tutora das cachorras, e herdeira (entre os seres humanos) do patrimônio e da obra de Nélida.

Gravetinho

As obras de Nélida Piñon já foram traduzidas para mais de 30 idiomas. Vencedora de dois prêmios Jabuti e um Príncipe de Astúrias de Las Letras, a escritora ainda tinha outro cãozinho, o pinscher Gravetinho, que morreu de pneumonia em 2018. Na ocasião, Piñon ficou à beira de uma depressão.

As cinzas de Gravetinho, que ficavam no escritório da ex-presidente da ABL, agora serão enterradas ao lado de Nélida, no mausoléu da Academia, em data ainda a ser confirmada.

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*Com informações do portal F5