Especialistas alertam para a importância da estimulação precoce de bebês com microcefalia
O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência é comemorado todo 3 de dezembro, desde 1992.…
O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência é comemorado todo 3 de dezembro, desde 1992. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com dados de 2011, 1 bilhão de pessoas vivem com alguma deficiência – isso significa uma em cada sete pessoas no mundo. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que quase 24% dos brasileiros, o equivalente a 45 milhões de pessoas, possuem algum tipo de deficiência.
E justamente em função desta data, 3 de dezembro, vale a pergunta: exatos dois anos depois do “boom” de microcefalia verificado no Brasil, como estão as crianças diagnosticadas em novembro de 2015? Além da rede pública, Goiânia conta com centros especializados no processo de reabilitação desses bebês. O Núcleo de Ensino e Pesquisa em Neurociências (Nepneuro) é um deles. “Nesse trabalho de estimulação, que já começa na maternidade, é muito importante a atuação dos pais. Cientes do conceito de neuroplasticidade, por exemplo, eles conseguem otimizar em casa as horas de terapias realizadas pelos profissionais”, aponta a psicóloga comportamental Fernanda Cupertino.
Para a fonoaudióloga Juliana Cananéia, cada evolução deve ser comemorada. “Os bebês com microcefalia precisam ter estimulados os reflexos inatos, que são aqueles comportamentos involuntários com o qual nascemos, como o ato de sugar”, exemplifica. “Ele precisa aprender até a ‘gerenciar’ a própria saliva, o que vai evitar possíveis internações por problemas pulmonares”.
“Todo o trabalho de intervenção é individualizado e parte de uma avaliação interdisciplinar realizada por diversos profissionais, como fisioterapeutas, médicos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fonoaudiólogos”, esclarece uma das diretoras do Nepneuro, Marina Nery Machado. “É imprescindível a conscientização dos pais para que eles possam ajudar seus filhos. Um procedimento não bem executado vai interferir negativamente na evolução do paciente”, enfatiza a fisioterapeuta Dayane Nunes de Oliveira.
Números
De acordo com os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, na última terça-feira, 28 de novembro, Goiás registrou, este ano, 3.742 casos prováveis de zika, contra 10.318, em 2016. Apesar da redução, se comparada com as outras unidades federativas, a taxa de incidência é alta no Estado (55,9 casos/100 mil hab.), ficando atrás, na região Centro-Oeste, apenas do Mato Grosso (64,5 casos/100 mil hab.).
Os casos de microcefalia passaram a ter notificação obrigatória no Brasil em novembro de 2015, quando o governo declarou estado de emergência em saúde pública devido ao aumento de casos da malformação do cérebro, fenômeno posteriormente relacionado à chegada do vírus da zika ao País. O final da emergência nacional foi anunciado pelo Ministério da Saúde no dia 11 de maio deste ano.
A microcefalia é descrita pela literatura médica como uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor do que o normal, que habitualmente é superior a 32 centímetros. É importante frisar que nem todos os casos de microcefalia estão associados ao vírus da zika.