Estoque encalhado fará preço de usados cair em concessionárias, diz estudo
Levantamento é referente aos cinco primeiros meses de 2020 e foi feito com base em mais de 650 mil operações efetuadas em mais de 2.000 concessionárias de todo o país
Por conta da pandemia do coronavírus, que levou ao fechamento do comércio, o estoque de carros usados já soma cerca de 5 milhões de unidades nas concessionárias. Em maio, o tempo médio de permanência dos veículos em estoque foi de 69 dias.
Os veículos usados são um ativo essencial para as concessionárias venderem carros zero-quilômetro, pois servem como parte do pagamento, e também ajudam a garantir fluxo de caixa para sustentar o negócio e pagar as contas.
Neste momento de crise, fica o dilema: é melhor manter a margem e levar mais tempo para vender ou abrir mão de parte do lucro por venda unitária e, assim, desovar os estoques?
Os números mencionados integram o Estudo de Performance de Veículos Usados, realizado pela consultoria MegaDealer em parceria com a plataforma AutoAvaliar.
O levantamento é referente aos cinco primeiros meses de 2020 e foi feito com base em mais de 650 mil operações efetuadas em mais de 2.000 concessionárias de todo o País.
Segundo a pesquisa, no mês de maio, em plena pandemia, houve aumento no preço médio de venda ao consumidor final, atingindo R$ 46.134 – um recorde no ano. Ao mesmo tempo, o lucro bruto por venda individual também atingiu o maior patamar de 2020: R$ 5.416 em média.
De acordo com Fabio Braga, country manager da MegaDealer no Brasil, “essas margens absurdas não têm como se sustentar” e inevitavelmente as concessionárias terão de baixar os preços – e facilitar negociação – se quiserem dar giro ao estoque e colocar dinheiro no caixa.
“São 5 milhões de carros em estoque sem fluxo, em uma conta aproximada. Mais vale reduzir a margem para algo entre 5% e 6% e vender um determinado modelo por mês do que manter o lucro bruto e levar de dois a três meses para encontrar um comprador”, avalia Braga.
“Após a reabertura das concessionárias e das lojas multimarcas, hoje é absolutamente impossível aumentar margem com um estoque de quase três meses parado”, complementa.
O executivo também destaca que a situação dos veículos zero, cujos preços têm subido, é outro fator a empurrar para baixo os valores dos usados.
“Além disso, as locadoras, sem clientes, estão começando a colocar no mercado uma quantidade considerável de seminovos, que também deve contribuir para reduzir os preços médios praticados”.
Margem x giro
O Estudo de Performance de Veículos Usados também enfatiza a importância de as concessionárias buscarem um equilíbrio entre lucratividade por transação e tempo de permanência em estoque.
A pesquisa classifica 30 modelos usados em três diferentes cenários: “Ideal”, “Neutro” e de “Atenção”.
O cenário “Ideal” é relativo a carros que permanecem de 35 a cerca de 45 dias na loja entre a captação e a venda, com margem bruta em torno de 15%. Confira os modelos:
- Volkswagen Gol
- Volkswagen Voyage
- Volkswagen Fox
- Volkswagen Up
- Fiat Uno
- Fiat Palio
- Fiat Siena
- Chevrolet Onix
- Chevrolet Prisma
- Ford Fiesta
- Ford Ka
- Renault Sandero
Por sua vez, o cenário “Neutro” considera automóveis com margem bruta na faixa de 10% que ficam menos do que 45 dias em estoque. Inclui, ainda, veículos com margem um pouco acima de 10%, mas que ficam mais de 45 dias aguardando um comprador. Veja os modelos:
- Honda Civic
- Honda Fit
- Hyundai HB20
- Chevrolet S10
- Chevrolet Spin
- Citroën C3
Por fim, o cenário de “Atenção” leva em conta carros com margem bruta de 10% para baixo e que permanecem em estoque durante mais de 45 dias. São eles:
- Volkswagen Saveiro
- Volkswagen Polo
- Chevrolet Cobalt
- Chevrolet Cruze
- Toyota Corolla
- Toyota Etios
- Ford EcoSport
- Honda HR-V
- Hyundai HB20S
- Jeep Renegade
- Fiat Toro
- Renault Duster