PRECONCEITO na Bahia

Estudante é repreendido por segurança de mercado por tamanho de short; vídeo

Segurança alegava que ele não podia usar roupa tão curta por ser homem. Caso ocorreu em Salvador

O estudante de psicologia Pascoal Oliveira denunciou, em vídeo publicado nas redes sociais, que foi repreendido por um segurança de um supermercado de Salvador pelo tamanho do short que estava usando ao entrar no estabelecimento. O caso ocorreu no último sábado (19), na unidade Walmart do Grupo Big do bairro de Itapuã.

De acordo com o relato do estudante divulgado nas redes, um outro funcionário do supermercado havia tentado negar a entrada dele quando chegou ao local por usar um “short curto”. Pascoal diz que abaixou o short e perguntou ao funcionário se poderia entrar. Ainda assim, ele negou e estudante precisou abaixar mais uma vez para ser liberado a entrar no estabelecimento.

No entanto, na saída, foi repreendido novamente, dessa vez pelo segurança. Pascoal resolveu questionar ao segurança o motivo de o mercado não permitir a entrada dele com o short da maneira que usava. O diálogo foi gravado em vídeo por uma amiga de Pascoal.

“Porque até esse momento o senhor é homem. O senhor é homem e tem que ajeitar o seu short. Até esse momento”, afirmou o segurança.

Pascoal então perguntou se “homem não pode usar short curto”. O segurança então afirmou que “homem tem que estar composto” e alegou que no local haveria crianças.

“Mas por que as mulheres estão com o short mais curto que o meu?”, perguntou Pascoal, em seguida. O segurança voltou a alegar que o estudante não poderia usar a peça por ser homem.

“Estamos falando de homem. Se o senhor me disser alguma coisa o contrário disso, isso vai mudar. Mas até agora o senhor é homem”, afirmou.

Em nota ao UOL, o Grupo Big afirmou que o segurança era terceirizado e que ele será afastado do quadro de colaboradores do supermercado. Conforme a empresa, “o fato ocorrido no supermercado de Itapuã é inadmissível e não corresponde aos procedimentos e valores da empresa”.

“A empresa está em contato com o cliente, colocando-se à sua disposição para toda assistência necessária nesse momento. Reiteramos que não aceitamos situações como essa e reforçamos nossos pedidos de desculpas ao cliente”, completa o comunicado.

Estudante diz que se sentiu humilhado

Ao UOL, Pascoal afirmou que decidiu divulgar o caso para que mais pessoas tenham conhecimento de que não devem se sentir sozinhas em situações como essa.

“Me senti humilhado em uma situação vexatória. O que me leva a divulgar o vídeo não é atacar nem expor a identidade pessoal de ninguém, até porque eu não deixei que o rosto de ninguém aparecesse. Meu intuito é que mais pessoas vejam o ocorrido para que, caso isso aconteça, elas percebam que não estão sozinhas e que é necessário tentar agir com a maior educação possível. Eu espero uma reparação do mercado, porque um pedido de desculpas não compensa o constrangimento que passei”, disse Pascoal.

“Quando uma ‘opinião’ de alguém que está à frente de um estabelecimento tenta barrar a minha entrada em um local onde todo o público pode acessar, ela deixa de ser uma opinião e se torna um problema”, complementa.

Ele afirma que deve acionar a empresa judicialmente, já que os funcionários declararam seguir normas do estabelecimento.

“O supermercado precisa ser responsabilizado porque isso ocorreu em um dos seus estabelecimentos com funcionários alegando que seguiam suas normas. Que contratação de recursos humanos é essa que essa empresa faz? Eles não têm preparo e sou eu quem pago a conta em forma de constrangimento? Não deve ser assim”, critica.