RELIGIÃO E POLÍTICA

Evangélicos de esquerda superam divisões internas e se unem contra Bolsonaro

Evangélicos que se reconhecem na esquerda, mas militam em grupos diferentes no campo, decidiram na…

Evangélicos que se reconhecem na esquerda, mas militam em grupos diferentes no campo, decidiram na sexta-feira (2) unir forças para o protesto contra o presidente Jair Bolsonaro.

A ala progressista é minoria entre pastores. Para o teólogo e seminarista Ismael Lopes, 30, da batista Nossa Igreja Brasileira, a esquerda falhou ao “deixar de lado o afeto das pessoas”.

Resume o dilema assim: o bolsonarismo conseguiu galvanizar fiéis a partir do medo que eles sentem, e sua resposta foi o ódio. “O que não soubemos fazer foi que as pessoas sentissem com a gente.”

A meta, para Lopes, é mostrar que “por mais conservador que alguém seja, se resguarda um pouco de humanidade, ela se desliga do bolsonarismo”. A lógica é sanitária, diante do mais de meio milhão de mortos por Covid-19, mas também econômica: a maioria do povo evangélico é negra e pobre, parcela mais vulnerável às políticas do atual governo, segundo o teólogo.

Lopes foi ao protesto do Rio de Janeiro com a camisa “todo cristão é antifascista”. Na véspera, lideranças de vários movimentos evangélicos se reuniram num encontro virtual para discutir uma aproximação entre eles.

Coordenadora da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Nilza Valéria diz que a ideia é unificar slogans e identidade visual para futuras manifestações.
São grupos como a Frente, as Evangélicas pela Igualdade de Gênero e o Esperançar (ligado ao pastor Henrique Vieira).

“Nosso objetivo é ganhar as narrativas da rua no sentido de mostrar que Bolsonaro vem pra matar, roubar e destruir”, afirma Diana Gilli Bueno, 38, coordenadora nacional do Cristãos Contra o Fascismo, associado ao PDT.

“Tem a questão dos evangélicos que votaram no Bolsonaro e se arrependeram desde 2018”, diz Bueno, membro das Mulheres Evangélicas do Brasil e missionária do Liberta (Igrejas Libertárias). “E tem a população dos desigrejados, que saíram das igrejas desde 2018 porque não aguentaram a pressão dos pastores [bolsonaristas].”

Para Bueno, a coalizão ajudará a mostrar a pluralidade dos evangélicos, que são cerca de 3 em cada 10 brasileiros. “Creio que isso vai trazer um certo benefício com essa questão do ódio. As pessoas estão com raiva dos evangélicos, muita raiva.”

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