DENÚNCIA

Ex-estagiárias acusam professor de assédio no Rio: “vontade de dar beijos molhados”

Comissão de Direitos Humanos da OAB recebeu prints que mostram trocas de mensagens com o professor

Ex-estagiárias acusam professor de colégio da Aeronáutica de assédio no Rio (Foto: Arquivo pessoal)

Duas ex-estagiárias que trabalharam na unidade de ensino subordinada à Força Aérea Brasileira (FAB) registraram denúncia de assédio sexual contra um professor do Colégio Brigadeiro Newton Braga, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A situação teria acontecido no ano de 2016 e, depois das investidas do docente, as alunas decidiram deixar o estágio na instituição. Segundo as autoridades, essa não é a essa não é a primeira vez.

As vítimas, que não quiseram ser identificadas, denunciaram ter sofrido assédio do professor A.L.P.B., responsável pelas aulas de Educação Física do colégio. O assédio teria se materializado em mensagens consideradas inadequadas e até um toque na coxa de uma das estagiárias.

Os advogados da Comissão de Direitos Humanos da OAB receberam das ex-estagiárias alguns prints que mostram trocas de mensagens de A.L.P.B..

Assédio

Uma das estagiárias revelou que, logo nos primeiros dias, o professor disse que tinha sonhado com ela e ele teria adicionado as três estagiárias no Facebook. E foi através da rede social que A.L.P.B. começou a mandar mensagens.

Em uma das mensagens, uma das estagiárias é abordada à noite. A.L.P.B. chama a jovem e já avisa que a conversa não tem “nada a ver com o estágio”.

“Oi, tenho que dizer uma coisa… Nada a ver com estágio. Mas fiquei com isso na cabeça até agora! Nooooooossssa. Você estava bonita demais hoje! kkkkk. Desculpe, nada a ver dizer isso…”, comentou o professor.

“Você estava mesmo, estava transpirando alguma coisa! Você ta transmitindo uma sensação boa, só de olhar pra você! Estranho isso né? Precisava dizer… rs”, completa o professor na mensagem.

Já para uma outra estagiária do grupo, segundo a denúncia, o contato foi por um aplicativo de mensagens, onde ele diz que tem vontade de “dar beijos molhados” e vontade de se “lambuzar”.

“É sério… Vontade de dar beijos molhados. Vontade de me lambuzar… Eu fiquei cheio de vontade de contar o sonho, mas você teve que dormir… Depois tive outro sonho mais doido. rs”, escreveu o professor.

Insistente, segundo as denúncias, o professor de Educação Física tenta por mais cinco vezes estabelecer algum contato com a estagiária. Contudo, A.L.P.B. não teve sucesso em suas investidas.

Uma das vítima, que hoje é professora de Educação Física, e que na época do estágio tinha 24 anos, contou ainda que o professor A.L.P.B. não se limitou a praticar assédio por mensagens de texto. Segundo ela, em um curso sobre badminton dentro do colégio, mas fora do horário de estágio, ele chegou para conversar com ela passando a mão em sua coxa.

Print de uma das conversas entre o professor e as alunas (Foto: Arquivo pessoal)
Print de uma das conversas entre o professor e uma aluna (Foto: Arquivo pessoal)

Estudantes abandonaram estágios

Após o assédio, as estudantes abandonaram os estágios no Colégio Brigadeiro Newton Braga logo após avisarem sobre o problema aos professores da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), onde elas cursavam educação física.

Uma das ex-estagiárias disse que, a direção da UFRJ pediu formalmente uma reunião com a direção da escola da Aeronáutica. Mas, no dia marcado, o colégio não enviou representantes.

Sobre essa nova denúncia de assédio contra o professor A.L.P.B., os responsáveis pelo Colégio Brigadeiro Newton Braga (CBNB) se limitaram a dizer: “A respeito dos questionamentos em tela, trata-se de assunto ocorrido há aproximadamente dois anos e que não foi denunciado formalmente à Instituição”, diante de um caso que ocorreu em 2016, por tanto, há seis anos.

O professor A.L.P.B. também não se posicionou até o momento sobre as denúncias.