Ex-PM acusado de matar menino Guilherme é suspeito de 70 homicídios
Gilberto Erick Rodrigues fugiu do Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo, em 2 de abril de 2015 e desde então está foragido
A Polícia Civil calcula em 70 o número de homicídios praticados pelo ex-policial militar Gilberto Eric Rodrigues, 32 anos, acusado também de sequestrar e matar o adolescente Guilherme da Silva Guedes, 15 anos, no dia 14 de junho deste ano em Americanópolis, zona sul de São Paulo.
Até junho deste ano, a polícia ligava 49 homicídios a Rodrigues como suspeito, cometidos entre 2012 e 2013 em bairros da zona sul paulista. Com a suspeita de novos crimes atribuídos ao ex-PM na Grande São Paulo, o número de casos possivelmente ligados a ele pode chegar a 70, segundo apurou a coluna.
Rodrigues fugiu do Presídio Militar Romão Gomes, em São Paulo, em 2 de abril de 2015 e desde então está foragido. Ele estava preso sob a acusação de ter participado de uma chacina que deixou sete pessoas mortas e duas feridas na noite de 4 de janeiro de 2013, no Jardim Rosana, zona sul.
A fuga resultou ainda na expulsão de Rodrigues da PM.
Os 70 homicídios dos quais Rodrigues é suspeito aconteceram quando ele ainda era soldado. Nos meios policiais há até quem diga que o ex-PM pode ter sido morto por “queima de arquivo”, pois conhece a fundo história e as ações dos ex-colegas de farda que agiam como matadores.
Investigadores da Polícia Civil apuraram que Rodrigues cumpria um ritual quando matava: ele pronunciava em voz alta, insistentemente, a palavra “caveira” assim que terminava de cometer o assassinato.
Sobreviventes revelaram suposto ritual do PM em chacinas
Os crimes geralmente seriam cometidos em locais ermos, sem iluminação e rodeados por matas, nos bairros longínquos da zona sul e até mesmo em municípios da Grande São Paulo, como Embu das Artes, Embu Guaçu e Itapecerica da Serra.
Os policiais descobriram o suposto ritual de Rodrigues ouvindo sobreviventes de chacinas. Quem escapou da morte jamais esqueceu o grito macabro do assassino e contou à polícia o que ouviu.
Provas materiais incriminaram Rodrigues. Peritos recolheram projéteis de pistola calibre 40 retirados dos corpos de vítimas e encontrados em cenas de crimes.
O confronto balístico apontou a pistola calibre 40, marca Taurus PT 24/7 e número de série SBT 02954. Essa arma era utilizada em serviço pelo então soldado Gilberto Eric Rodrigues, do 37º Batalhão.
O DHPP apurou que a mesma pistola utilizada na chacina do Jardim Rosana foi usada 15 dias depois, em 19 de janeiro de 2013, em outra matança, dessa vez em Embu das Artes (SP).
Rodrigues também integraria milícia, aponta investigação
Dois rapazes foram mortos e um terceiro escapou. O sobrevivente reconheceu dois dos assassinos. A Corregedoria da Polícia Militar passou a investigar o caso e apurou que os dois homens reconhecidos trabalhavam como seguranças em comércios de Embu das Artes.
As suspeitas da Polícia Civil são de que Rodrigues, quando usava farda, integrava grupo de extermínio junto com outros PMs. Ao mesmo tempo, também participava de uma espécie de milícia com civis — isso há sete anos —, pois agia com seguranças a mando de comerciantes.
O último crime atribuído a Rodrigues foi, segundo o DHPP, em parceria com o sargento PM Adriano Fernandes de Campos, 41, do Baep (Batalhão de Ações Especiais) de São Bernardo do Campo (SP). Ambos são acusados de matar o adolescente Guilherme da Silva Guedes, em 14 de junho deste ano.
O menino morava ao lado de um canteiro de obras, cuja vigilância estava sob a responsabilidade do sargento Campos, dono de uma empresa de segurança. Guilherme foi confundido com um ladrão que participou de um furto no local e, por isso, acabou morto.
O sargento Campos está preso.