Ex-presidente da Valec Juquinha das Neves é preso preventivamente
Acatando novo pedido do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), a 11ª Vara da Justiça…
Acatando novo pedido do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), a 11ª Vara da Justiça Federal de Goiânia (JF) decretou a prisão preventiva do ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha. O mandado de prisão foi cumprido na manhã desta sexta-feira, 2 de junho.
Um dos principais alvos da operação “De Volta aos Trilhos”, Juquinha teve o primeiro pedido de prisão preventiva negado no último dia 25 de maio, data da deflagração da operação. Naquela ocasião, a JF entendeu que ainda não havia elementos que justificassem a custódia cautelar de José das Neves, suspeito de lavagem de dinheiro oriundo de propina relacionada às obras de construção da Ferrovia Norte-Sul.
O novo pedido de prisão do MPF/GO baseou-se nos depoimentos prestados por Fábio Júnio Santos Pereira e Mário Césio Ribeiro, que foram conduzidos coercitivamente no dia 25 de maio. Ouvidos pela Polícia Federal, os dois teriam confirmado o envolvimento direto de Juquinha em todos os atos de lavagem de dinheiro.
Está marcada para as 13h30min desta sexta-feira, 2 de junho, a audiência de custódia na 11ª Vara da Justiça Federal.
Entenda
A operação “De volta aos Trilhos”, que é um desdobramento das investigações da Operação “Lava jato” e nova etapa das Operações “O Recebedor” e “Tabela Periódica”, baseou-se em acordos de colaboração premiada assinados com o MPF-GO pelos executivos das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez, que confessaram o pagamento de propina ao então presidente da VALEC, José Francisco das Neves, bem como em investigações da Polícia Federal em Goiás que levaram à identificação e à localização de parte do patrimônio ilícito mantido oculto em nome de terceiros (laranjas).
Os principais alvos da operação foram José Francisco das Neves, seu filho Jader Ferreira das Neves e o advogado Leandro de Melo Ribeiro. Os dois primeiros são suspeitos de continuarem a lavar dinheiro oriundo de propina, mantendo oculto parte do patrimônio amealhado. O último é suspeito de ser laranja dos dois primeiros e de auxiliá-los na ocultação do patrimônio.
Foi a pedido do MPF/GO que o juiz substituto da 11a Vara Federal da Sessão Judiciária de Goiás determinou as prisões preventivas de Jader e de Leandro.
Juquinha e seu filho já foram condenados na ação penal nº 18.114-41.2013.4.01.3500 (operação Trem Pagador) a, respectivamente, 10 e 7 anos de reclusão, por formação de quadrilha e lavagem de aproximadamente R$20 milhões provenientes da prática de crimes de cartel, fraudes em licitações, peculato e corrupção nas obras de construção da Ferrovia Norte-Sul, praticados por Juquinha quando presidiu a empresa pública VALEC. Ambos aguardavam o julgamento de seus recursos em liberdade.
As prisões foram pedidas porque se apurou que os investigados, mesmo depois de condenados, continuam a cometer crimes de lavagem de dinheiro (estão em plena atividade criminosa), estão produzindo provas falsas no processo para ludibriar o juízo e assegurar impunidade, além de custearem parte de sua defesa técnica (advogados) com dinheiro de propina. O pedido de prisão preventiva de Juquinha foi indeferido pelo juízo, que considerou não haver até então, no seu caso, provas suficientes de atualidade criminosa.