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Fã de Elvis Presley, padre reúne até 5.000 fiéis para missas com show de rock

O gosto por música e religião ingressou na vida do padre há anos. Quando criança, ele sofria com problemas de insegurança e chegou a ter gagueira, o que o fez se apoiar ainda mais na crença

Fã de Elvis, religioso afirma que os shows de rock também atraem críticas nas missas. Mas para ele, "[o] homem que não souber caminhar em meio às críticas não é digno de caminhar na Terra"

Religião e rock n’ roll andam lado a lado nas missas do padre Marcos Roberto Pires, 50, no Butantã, na zona oeste de São Paulo. Fenômeno do cenário musical religioso, ele ministra pregações desde 2007, mesclando oração e músicas agitadas em cerimônias que são verdadeiros shows
“A missa tem uma estrutura própria que é imutável. Mas antes de entrarmos no grande louvor, fazemos um momento de cânticos com estilo bem animado para as pessoas se soltarem de seus aprisionamentos”, conta Pires, em entrevista à reportagem.

O gosto por música e religião ingressou na vida do padre há anos. Quando criança, ele sofria com problemas de insegurança e chegou a ter gagueira, o que o fez se apoiar ainda mais na crença. Ele explica que vem de uma família portuguesa, de grande tradição católica apostólica românica.

“Meus avós maternos sempre foram uma referência por irem à Santa Missa todos os domingos, e rezarem juntos à noite, pedindo pela minha família e pelo mundo. Minha mãe acabou sendo fruto disso, e levou eu e meus irmãos às missas, crisma, catequese etc”, diz Pires, ao recordar que participou de grupos de oração. “Vivi esses grupos por muito tempo, onde a gente trabalhava a musicalidade. Essa minha espiritualidade de louvor carismática vem desta época”, completa.

Hoje, o padre ministra duas missas por semana na Igreja da Santíssima Trindade, em Rio Pequeno, (às terças-feiras e domingos), e atrai cerca de 5.000 fiéis toda as segundas-feiras na missa que faz no CTN (Centro de Tradições Nordestinas), na zona norte de São Paulo. Admirador do cantor Elvis Presley, ele realiza performance em todas as cerimônias. Em algumas, ele inclui homenagens ao rei do Rock com “looks” modernos e direito a topete e jaqueta de couro. Mas Pires faz questão de evitar desentendimentos.

“Não existe uma missa no estilo rock. Ela tem uma animação de quem a preside, no sentido de usar uma palavra clara, introduzir uma música e, talvez, um desfecho de oração final. É uma missa animada, onde os dons são avivados”, diz o padre.

Além das missas, Pires participa todas as manhãs do programa Orando em Família, na rádio 9 de Julho, e Hora da Família, na Rede Vida. Também já lançou dois livros (“Não Há Mal Que Me Possa vencer” e “Deus Não Para de Nos Atrair”), dois álbuns (“Eu Vou Por Amor” e “O Senhor É Rei”), e prepara seu segundo DVD, “O Senhor é Rei Deluxe”, com 14 faixas. Entre elas “O Senhor é Rei”, “Eu Te Chamo Jesus” e releitura de “Rastros na Areia”.

A prática de inserir o rock na religião sem dúvidas atrai olhares positivos e negativos. Mas perante as críticas, Pires não se acanha. Ele afirma que elas fazem parte da vida de todos nós. “O homem que não souber caminhar em meio às críticas não é digno de caminhar na Terra. Porque se o próprio Cristo foi criticado pelas obras santas que realizou, quem somos nós para também não sofrermos críticas”? Deus quer que aprendamos a conquistar vitórias, e para ter elas, vamos ter que passar pelo crivo da porta estreita. Ninguém conquista nada se não sofrer e se não for algumas vezes repreendido, criticado de várias maneiras”, completa.

O padre Marcos Roberto Pires diz que já recebeu e, ainda recebe, comentários negativos pela abordagem diferenciada, mas acredita que “Deus quer que estejamos sempre atentos ao grito de cada época”, e por isso opta pelo diferente. “Temos que ter uma certa ousadia de Deus. Procuro lidar com isso com o coração, porque não é fácil. Procuro refletir bastante, orar, prestar atenção e exigir mais de mim, no sentido de tomar cuidados. Mas não me deixo esmorecer pelas críticas, porque para mim elas são importantes. E só o tempo e Deus vão confirmar se esse meu trabalho está, concretamente, favorecendo”, conclui.