JUSTIÇA

Fachin pede para mudar de turma no Supremo Tribunal Federal

Ministro pretende migrar da 2ª Turma, crítica da Lava Jato, para a 1ª Turma, com perfil mais alinhado às investigações

TSE chama de "opinião" avalições de representante das Forças Armadas em resposta sobre sistema eleitoral
TSE chama de "opinião" avalições de representante das Forças Armadas em resposta sobre sistema eleitoral (Foto: Agência Brasil)

O ministro Edson Fachin pediu nesta quinta-feira (15) para deixar a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), responsável pelos julgamentos da Lava Jato, e abriu uma discussão sobre o futuro das investigações na Corte.

O magistrado encaminhou à presidência do tribunal uma solicitação para migrar para a Primeira Turma quando o ministro Marco Aurélio se aposentar, no início de julho.

A possível mudança pode ter impacto na Lava Jato, uma vez que o atual colegiado de Fachin costuma impor derrotas à operação, enquanto a outra tem perfil mais alinhado aos métodos dos investigadores.

Ainda há dúvida, porém, sobre as consequências que a troca do magistrado de turma teria. Por meio de nota, Fachin afirmou que a Segunda Turma seguirá como responsável pela Lava Jato.

Internamente, há o entendimento de que isso obrigaria o tribunal a sortear outro relator para a operação no Supremo. A tendência, porém, é que o ministro não queira se desfazer desses processos.

Por outro lado, uma corrente defende que o ministro carrega consigo os processos de que é relator quando muda de turma, o que teria como consequência a mudança da Lava Jato da Segunda para a Primeira Turma do Supremo.

O STF informou, por meio da assessoria, que a questão está sob análise e que em breve dará um posicionamento sobre o tema.

A mudança de Fachin de colegiado, porém, ainda depende de outros fatores. Os ministros mais antigos têm prioridade nesse tipo de mudança. Assim, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia têm preferência para migrar para a Primeira Turma.

O ministro se tornou relator da Lava Jato no início de 2017, depois de Teori Zavascki, que era o responsável pelas investigações na corte, morrer em um acidente de avião.

Ministros lembram que, após a morte de Teori, a relatoria da Lava Jato foi sorteada entre os integrantes da Segunda Turma, o que indica que o colegiado é o juiz natural para esses casos.

Por outro lado, um dispositivo do regimento interno prevê que o relator pode levar consigo os processos dos quais é relator quando troca de turma.

Assim, a discussão sobre o tema ainda deve ser alvo de debates internos na corte antes de ter uma solução.

A aposta internamente é que Gilmar e Lewandowski, críticos contumazes da Lava Jato, não deixariam os casos relacionados à operação saírem da Segunda Turma.

Além de poderem suscitar o debate no colegiado, eles estão há mais tempo que Fachin no STF e poderiam pedir para ir para Primeira Turma e teriam preferência em relação ao colega.


VEJA QUEM SÃO OS INTEGRANTES DAS TURMAS DO STF

Primeira turma: Dias Toffoli (presidente), Marco Aurélio, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes

Segunda Turma: Gilmar Mendes (presidente), Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Kassio Nunes Marques​