Família busca corpo de menino exumado sem autorização de cemitério do RJ
Faltando poucos dias para a família de Raynner Souza Figueiredo, 7, exumar o corpo da…
Faltando poucos dias para a família de Raynner Souza Figueiredo, 7, exumar o corpo da criança em um cemitério de São Gonçalo (RJ), os pais do menino foram informados de que os restos mortais do filho haviam sido retirados do túmulo em 2020. Porém, o processo aconteceu sem autorização ou consentimento dos parentes.
A mãe, Jéssica Karen Alves Souza, 32, conversou com o UOL. Segundo ela, no documento da própria Prefeitura existe a comprovação de que eles teriam até o dia 13 de abril deste ano para exumar.
“Eu só quero saber aonde está meu filho, o que eles fizeram com o corpo do meu filho. Ninguém sabe o quanto meu filho lutou pela vida durante 7 anos, foi muito sofrimento. Eu estou destruída de novo. Quando eu achei que já não tinha o que quebrar dentro de mim, eu já estou em pedaços novamente. Você tenta se reconstruir, eu todo dia acordava me preparando para a remoção, que não é fácil e agora vem isso. Como a a cabeça fica?”, disse.
O menino nasceu com anemia falciforme e desde pequeno lutava contra a doença, mas acabou morrendo em 2018. Raynner foi sepultado no Cemitério Municipal São Miguel, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Desde então, familiares iam constantemente ao local para orar e fazer a manutenção do túmulo. Jéssica comentou que eles chegaram a pintar o jazigo de laranja por ser a cor favorita da criança e que a placa com o nome do menino estava instalada, mesmo com o corpo de outra pessoa.
“A gente já estava se preparando para isso [exumar], estávamos com documentos para fazer a remoção para o cemitério de Maruí, em Niterói [cidade vizinha]. Foi quando a gente buscou a direção do cemitério e eles falaram que tinha outra criança enterrada no lugar do meu filho. Ao invés de chegarem e comunicarem, não, eu estava indo chorar pelo meu filho com outra criança enterrada”, desabafou a mãe.
Após a família tomar conhecimento e questionar sobre o sumiço de Raynner, há 15 dias que a administração do cemitério diz estar procurando pelo corpo da criança — até agora, sem respostas. A autônoma contou ainda que já recebeu relatos de outras pessoas que passaram pela mesma situação. Jéssica, muito emocionada, falou que nunca esperou passar por algo parecido.
“O túmulo do meu filho nunca ficou abandonado, estávamos lá sempre. Paramos por um tempo por causa da pandemia, mas quando eles liberaram, voltamos a ir. Eles vendo tudo isso e ninguém falou nada. Eu creio que fizeram isso para liberar por causa da pandemia. Eu nunca imaginei passar por isso, eu estou sem chão”, lamentou Jéssica.
Enquanto a Prefeitura de São Gonçalo informa que está em contato com a família, a mãe critica a falta de suporte.
“Não sei nem porque eles falaram que estão em contato com a gente. Se você pegar o histórico telefônico vão ver, nunca entraram em contato com a gente. A gente não está tendo suporte de nada, é tudo a gente que está indo atrás, que está buscando, procurando. Nunca recebemos um telefonema. Eu vou abrir um Boletim de Ocorrência, eles não me deram outra opção.”
Procurada pela reportagem, a administração municipal disse que “o prazo para exumação de corpos de crianças é de dois anos após o sepultamento, e para adultos é de três anos, e que tal prazo consta nas certidões de óbito. Após a exumação, os restos mortais são depositados no ossário municipal, devidamente identificados”.
Ainda em nota, a Prefeitura de São Gonçalo informou que, no caso de Raynner, “a exumação foi realizada pela gestão anterior, em 2020. A Administração Funerária informa ainda que a possível falha de comunicação com a família da criança sobre o procedimento aconteceu na gestão passada. O município está em contato com a família e segue trabalhando para tentar localizar os restos mortais do menino”.
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