Família e amigos acreditam que ativista Sabrina Bittencourt, que denunciou João de Deus, está viva
Dois meses após o suposto sucídio, nenhum órgão oficial, nem no Brasil nem no exterior, divulgou Certidão de Óbito referente à ativista.
No dia 3 de fevereiro, o Brasil acordou com notícia intrigante: uma das ativistas mais engajadas em denunciar os abusos sexuais de João de Deus teria tirado a própria vida. A notícia do suicídio referia-se a Sabrina Bittencourt, brasileira que há mais de uma década vivia fora do país.
Ela não tinha conexão com João de Deus e nunca alegou ser uma de suas vítimas. No entanto, afirmava, em suas redes de contatos, estar por trás da queda do médium. Dizia ter coletado a maior parte das acusações contra o líder espiritual. Chegou a ser festejada na imprensa por essa conquista.
Mesmo que não reconheçam o nome de Sabrina, muitos que acompanharam o caso do médium assistiram ao vídeo publicado por ela no Facebook em 4 de janeiro, com denúncias chocantes. Na gravação, a ativista alega que João de Deus estaria há mais de 20 anos no comando de uma rede internacional de tráfico de bebês. O esquema já teria escravizado centenas de meninas pobres – e, na maioria das vezes, negras – entre 14 e 18 anos, mantendo-as em cárcere privado como parideiras.
“Elas eram engravidadas para vender estes bebês no mercado negro da Europa, dos Estados Unidos e da Austrália”, alega Sabrina na filmagem, que, até a data desta publicação, tinha mais de 296 mil visualizações. O vídeo levou o Ministério Público de São Paulo (MPSP) a pedir ao Ministério Público Federal (MPF) que investigasse a acusação.
Menos de um mês depois, o suicídio foi anunciado e amplamente noticiado. Teve destaque em todos os grandes veículos do país, inclusive na mídia internacional. A notícia da morte foi confirmada à imprensa pelo filho mais velho de Sabrina: G, então com 16 anos. G contou a jornalistas que a mãe falecera no Líbano. De acordo com o jovem, os dois haviam se despedido dias antes, em Paris.
O período de luto, no entanto, veio cercado de uma série de questionamentos sobre a falta de informação em torno do caso. Passados dois meses desde seu suposto suicídio, crescem as suspeitas de que Sabrina, aos 38 anos, teria forjado a própria morte.
Nenhum órgão oficial, nem no Brasil nem no exterior, divulgou Certidão de Óbito referente à ativista. Representantes diplomáticos sediados no Líbano afirmaram que não há registro algum do falecimento de uma brasileira no começo de fevereiro.
A reportagem entrevistou familiares, amigos e ex-sócios de Sabrina que dizem não acreditar na história do suicídio. Os parentes no Brasil se mostram angustiados pela falta de informação.
O portal Metrópoles conversou com o primeiro marido da ativista e pai biológico de G, Vinícius Thiesen. O farmacêutico de 45 anos revelou que, durante uma conversa ao telefone com o filho, o adolescente deu a entender que a mãe estava viva.
Vinícius acredita que a ex-mulher e o filho se encontram juntos em local indeterminado no exterior. Teme que, por Sabrina estar vivendo de maneira clandestina, o jovem esteja em situação vulnerável. “A Sabrina está escondida no mundo, e eu me encontro extremamente preocupado com o meu filho. Ele está sob o total poder da mãe. E eu não sei o que fazer”, disse Vinícius Thiesen, ex-marido de Sabrina Bittencourt, o portal Metrópoles.
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