A família de Michele da Conceição, que teve de se separar de seu porquinho de estimação no início do mês passado, após ordem da Vigilância Sanitária de Água Clara (MS), não conseguiu passar muito tempo longe do bichinho. Eles tomaram uma decisão drástica para resolver o problema: mudar de casa.
O UOL procurou Michele após a repercussão do caso para saber como estava a adaptação da família – ela tem dois filhos pequenos – e também do porquinho, doado para um parente que morava num sítio, e teve uma surpresa.
“Nós decidimos ir embora da ‘cidade’ e voltar a viver no sítio, assim fica mais fácil para todo mundo e a gente não precisa brigar pelo direito de termos o porquinho como animal de estimação”, explica ela. A família se mudou então da zona urbana de Água Clara, para a zona rural, onde não há o mesmo problema sanitário.
Michele conta que as três semanas em que a família ficou longe do animal não foram fáceis. “Meus filhos e a gente também, sofremos muito com a distância do porquinho, ninguém se acostumou”, comenta.
A mulher explica que o animal também sofreu no período de distância. “Ele ficou mais agitado e toda vez que a gente ia visitar ele ficava todo feliz, me partia o coração”, diz ela feliz da vida por resolver o problema.
A dona do porquinho conta que a decisão de ir embora da zona urbana começou a nascer depois de conversar com um advogado que queria ajudar a tentar achar uma forma de conseguir uma autorização para que o animal ficasse com eles. “Ele pediu pra ver a lei da cidade, ia dar muito trabalho”, garante.
A jovem relata que, a partir daí, ela e o marido decidiram voltar a viver no sítio e organizaram a mudança rapidamente, em alguns dias. “Já estamos no sítio de novo e nosso porquinho está com a gente, feliz da vida”, comemora.
Entenda o caso
O drama de Michele e da família começou quando ela se mudou para um bairro urbano em Água Clara. Dias depois um vizinho denunciou para a Vigilância Sanitária o fato de a família criar animais de estimação, no caso galinhas, o que seria proibido por lei. Na visita dos fiscais foi constatado que na casa havia um porquinho criado como pet.
O UOL conversou com a Prefeitura de Água Clara, que explicou apenas ter cumprido uma legislação antiga. Segundo a lei, não pode haver criação de animais como porcos, galinhas e outros dentro da área urbana.
“Uma das maiores empresas da cidade, da área avícola, proíbe os funcionários de terem proximidades com alguns animais, inclusive porcos, podendo até haver demissão e por isso, outra gestão da prefeitura fez essa lei”, explicou a assessora, Gerciellen Lacerda Lima de Sá.
“Não queremos que ninguém se livre de seu animal, mas precisamos preservar o emprego de um pai de família”, lembra antes de explicar a decisão. “Ela não precisa sacrificar o animal e nem nada do tipo, só precisava deixar em um local fora da área urbana, da confiança dela”, concluiu.