Família verifica mamas de idosa em velório e descobre corpo trocado em SC
Constatação veio ao verificarem que a idosa estava com as duas mamas, pois Elisia havia retirado uma delas em uma mastectomia
Ao abrir o caixão para o velório, a família de Elisia Wunsch, de 92 anos, percebeu que a aparência dela estava diferente. A desconfiança fez os parentes analisarem as características do corpo. Eles acabaram se dando conta de que se tratava de outra pessoa. A constatação veio ao verificarem que a idosa estava com as duas mamas, pois Elisia havia retirado uma delas em uma mastectomia.
A confusão aconteceu na terça-feira (16), em Ascurra (SC), a cerca de 190 km de Florianópolis. A Polícia Civil foi acionada e confirmou, por meio de exames, que a família velava o corpo de uma idosa de 94 anos. Já Elisia havia sido enterrada horas antes pelos parentes da outra mulher, em Presidente Getúlio (SC), cidade a 44 km dali.
A Polícia Civil chegou até a outra idosa depois de analisar a lista de óbitos ocorridos em horários semelhantes onde Elisia estava internada, no Hospital Waldomiro Colautti, em Ibirama (SC).
“Desde que a minha avó chegou para o velório, notamos a diferença. Mas acreditávamos que seria porque havia passado muito tempo internada ou pelo tratamento na funerária. Só que ela teve câncer de mama e retirou uma das mamas. Vimos que esse corpo entregue para gente estava com as duas e sem marcas de cirurgia”, confirmou o neto de Elisia, Marcos Roberto Wunsch, de 48 anos.
Elisia teve falência múltipla dos órgãos após complicações da diabetes. Segundo o neto, a família conseguiu sepultá-la somente na manhã desta quarta-feira (17), em Ascurra. A despedida aconteceu após desenterra-la no cemitério de Presidente Getúlio.
“Vamos procurar nossos direitos porque a responsabilidade era do hospital e da funerária. Ninguém quer assumir a falta de respeito em uma hora dessas”, contou revoltado.
Hospital alega que erro foi da funerária
Em nota ao UOL, a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina – que administra o hospital – informou que as duas idosas morreram com horas de diferenças, na manhã de segunda-feira (15).
Elisia faleceu às 9h30 e logo foi encaminhada ao necrotério da unidade. Já a outra idosa, identificada pelas iniciais I.M., morreu às 11h20, sendo mantida na enfermaria até que a outra paciente fosse retirada pelo necrotério.
De acordo com a secretaria, a confusão ocorreu no momento da retirada dos corpos. A funerária contratada pela idosa de 94 anos chegou antes da empresa contatada pela família de Elísia e acabou levando-a sem a identificação.
“Em virtude da constatação da troca dos corpos, o hospital, de imediato, contatou seus funcionários para checagem dos fatos ocorridos, bem como as funerárias e os familiares das pacientes em questão, além da assessoria jurídica do Estado”, diz a nota.
“Ratificamos que o Hospital Waldomiro Colautti realizou todos os protocolos de identificação dos corpos, como preconizado pelo Núcleo Interno de Segurança do Paciente. O hospital lamenta profundamente o ocorrido, ofertando todo suporte para as famílias e dando os encaminhamentos necessários”, completa o posicionamento, afirmando que existem imagens de câmera de segurança que comprovam a versão.
O UOL entrou em contato com a funerária informada pela família de Elísia. A empresa não quis se manifestar. A reportagem não identificou a outra envolvida no caso.
Polícia abre investigação
O caso resultou na abertura de um inquérito. O fato será analisado pela Delegacia de Ibirama, que seria onde a Polícia Civil aponta ter acontecido a troca dos corpos.
De acordo com o delegado Ronnie Esteves, a família da idosa enterrada em Presidente Getúlio não percebeu a troca porque sepultou com o caixão fechado.
“Diante do impasse, as pessoas foram trazidas na delegacia. Apuramos que o corpo que estava em Ascurra era para ser enterrado em Presidente Getúlio. A investigação vai prosseguir sob responsabilidade da delegacia de Ibirama”, confirmou o delegado.