Famílias brancas gastam quase o dobro com lazer do que pretas ou pardas
Conclusão é de pesquisa do IBGE com dados anteriores à pandemia
As famílias chefiadas por brancos gastaram quase o dobro com lazer e viagens do que famílias com responsáveis pretos ou pardos em período pré-pandemia. Essa é uma das conclusões do novo recorte da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2017-2018, divulgado nesta quinta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nas famílias chefiadas por brancos, a despesa média mensal por pessoa com viagens e lazer foi de R$ 34,41 entre 2017 e 2018. Enquanto isso, nas famílias com pessoas de referência pretas ou pardas, o valor foi de R$ 18,35.
O detalhamento do estudo também sinaliza que os gastos com lazer e viagens variam conforme o sexo da pessoa de referência. Em famílias chefiadas por mulheres, a despesa mensal por pessoa (R$ 18,12) foi a metade em relação àquelas cujos responsáveis eram homens (R$ 35,80).
Também há diferenças no recorte por renda e escolaridade. Nas famílias que integravam a parcela dos 10% mais ricos da população, as despesas mensais com lazer e viagem chegaram a R$ 26,43 por pessoa. Enquanto isso, a despesa foi de apenas R$ 0,84 nas famílias que integravam os 10% com os menores rendimentos.
Entre as famílias com pessoas de referência com curso superior completo, o valor foi de R$ 27,08. Naquelas em que o chefe não tinha instrução, a marca foi de R$ 1,07.
“O que pode explicar todas essas as diferenças é a desigualdade de rendimento das famílias, que varia conforme o nível de instrução, a formalização e a composição familiar. Em famílias com renda disponível para gastos além do essencial é maior a despesa com lazer e viagem”, afirmou Luciana Alves dos Santos, analista da pesquisa do IBGE.
A POF também traz a avaliação subjetiva das famílias sobre o padrão de lazer. Segundo o IBGE, 35,1% dos brasileiros pertenciam a famílias que avaliaram como bom seu padrão de vida em relação à qualidade dos serviços públicos e privados de lazer aos quais os membros tiveram acesso. Já 30,7% consideraram esse aspecto como satisfatório. A avaliação ruim alcançou 34,1%.
O recorte da POF divulgado pelo IBGE nesta quinta-feira reúne ainda informações sobre acesso aos serviços financeiros e padrão de vida, alimentação e transporte.
Conforme o estudo, 46,2% dos brasileiros (95,6 milhões de pessoas) pertenciam a famílias que haviam atrasado pelo menos uma conta mensal fixa, no intervalo de 12 meses, em razão de dificuldades financeiras. A fatia de 53,8%, por outro lado, não registrou atrasos.