Moradia

Famílias que ocupavam casas populares em Iporá são despejadas

Famílias que moraram durante sete meses em 51 casas populares construídas no município de Iporá…

Famílias que moraram durante sete meses em 51 casas populares construídas no município de Iporá foram despejadas no início desta semana, após o pedido de reintegração de posse feito pela Prefeitura de Iporá ser atendido pelo Judiciário.

Nilomar Ferreira Silva, de 40 anos, é casado e tem quatro filhos. Ele ocupava uma das casas e foi deslocado com a família e os móveis para a feira coberta da cidade. Ele conta que não tinha onde morar e ficou sabendo que as casas estavam inacabadas e abandonadas. “Só tinha o piso e as paredes. Chegamos aqui e fizemos o acabamento que precisava para morar. Depois que eu entrei, outras famílias também fizeram a mesma coisa nas outras casas”, afirma.

O morador diz que na segunda-feira (20) um oficial de Justiça foi ao local e entregou um documento que obrigava as famílias a saírem das casas. A desocupação durou dois dias. Porém, diz Nilomar, apenas sete famílias foram levadas para a feira. O restante não recebeu apoio e muitas continuam com os móveis jogados em frente às casas sem ter para onde ir. “Tem crianças, idosos e pessoas em cadeira de rodas. A maioria das pessoas está desempregada”, afirma Nilomar.

O advogado das famílias, João Antônio Francisco explica que o terreno foi doado em 2009 pela Prefeitura de Imporá para a construção das casas populares do programa Minha Casa Minha Vida. A obra deveria ter durando um ano, mas foi abandonada em 2012 pela empresa responsável pela construção das casas, com a estrutura das residências ainda inacabada. Em agosto de 2016 as famílias que foram despejadas ocuparam as casas.

Argumento

Nos pedidos de reintegração de posse, a Prefeitura de Iporá argumenta que as famílias escolhidas para serem beneficiadas com as casas foram escolhidas e, por isso, as pessoas que estavam no local precisavam ser retiradas. “Sabemos que não há lugar para todos, mas entrei com mandado de segurança solicitando que seja feita uma nova avaliação das famílias, levando em conta as que já estavam ali. Assim, sejam escolhidas entre todas estas as pessoas que mais precisam”, afirma João Francisco.

O advogado também afirma que as famílias foram retiradas sem o mínimo de dignidade. “Eles não foram assistidos pela prefeitura. Tiraram eles de lá sem ter para onde levá-los”, afirma o João Francisco. O advogado já recorreu da decisão de reintegração de posse concedida pela Justiça.

Ao Mais Goiás, o prefeito de Iporá, Naçoitan Araújo Leite, informou que o município cedeu um caminhão para auxiliar as famílias na retirada dos móveis das casas e deu uma cesta básica para cada grupo. Ele ainda afirmou que a prefeitura não está apta a falar sobre o assunto porque o terreno ainda está sob responsabilidade da empreiteira responsável pela obra, que ainda não entregou as casas para a prefeitura.