Saúde

Federação quer reduzir mortalidade de doença cardiovascular até 2030

A Federação Mundial de Cardiologia e a Organização Mundial de Saúde (OMS) defenderam o engajamento…

A Federação Mundial de Cardiologia e a Organização Mundial de Saúde (OMS) defenderam o engajamento dos médicos no combate às desigualdades e na promoção de ambientes mais saudáveis para reforçar a prevenção das doenças cardiovasculares que estão entre as principais causas de morte no mundo. Líderes das duas entidades discursaram hoje (13), na abertura do Congresso Mundial de Cardiologia, no Rio de Janeiro.

O evento ocorre em conjunto com o 77° Congresso Brasileiro de Cardiologia até o próximo sábado (15) e recebeu mais de 12 mil inscrições, incluindo pesquisadores e profissionais de saúde internacionais e brasileiros.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enviou uma mensagem em vídeo ao congresso, em que pediu médicos engajados na defesa de ambientes mais saudáveis e no combate a fatores de risco para as doenças cardiovasculares.

“O mundo precisa de seu conhecimento como especialistas, mas também precisa de suas vozes como defensores de sistemas de saúde mais fortes, de ambientes mais saudáveis, e de reduzir as desigualdades. A OMS está comprometida em apoiar vocês”, disse.

Documento

A Federação Mundial de Cardiologia aproveitou o evento para lançar um documento com recomendações para a redução da mortalidade por doenças cadiovasculares até o ano de 2030.

O presidente da federação, Fausto Pinto, destacou que 80% das doenças cardiovasculares poderiam ser prevenidas por ações como ampliar o acesso ao cuidado em saúde, apoiar estilos de vida saudáveis e combater fatores de risco econômicos, sociais e ambientais.

“Os países estão tendo dificuldades de reduzir a prevalência de fatores de risco de longo prazo conhecidos, como obesidade, diabetes, hipertensão e poluição do ar. Dois terços dos países ainda não dispõem de dados sobre equidade em doenças cardiovasculares, o que é essencial para implementar políticas efetivas”.

Fausto Pinto avaliou que a pandemia de covid-19 deixa como lições importantes o valor das tecnologias digitais no cuidado em saúde, o poder de parcerias para a saúde global, a necessidade de proteger os mais vulneráveis e de assegurar que todo mundo, em toda a parte, tenha acesso às informações e ao cuidado de que precisam para terem saúde.

“Como médicos, podemos ajudar a construir um mundo onde as pessoas são apoiadas a fazer escolhas mais saudáveis e onde todos, independentemente de raça, nacionalidade, gênero, educação, ou renda tenha acesso ao melhor cuidado e tratamento possível”.

Ministro

Cardiologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, destacou a importância dessa especialidade ao discursar na abertura do evento. O médico disse que os cardiologistas atuam desde a atenção primária até a atenção especializada e sua atuação está fortemente ligada a inovações.

“E nós convivemos com um flagelo de óbitos anualmente. Mais de 18 milhões de óbitos por ano no mundo. No Brasil, mais de 380 mil óbitos. Assim, esse cenário tão desolador da pandemia da covid-19 não é nenhuma novidade para os cardiologistas. E para enfrentar esse problema, nós precisamos de recursos humanos qualificados”, afirmou Queiroga. “Nós temos que construir um cenário em que os cardiologistas sejam os elementos disruptivos para mudar esses indicadores de saúde pública que nos são muito desfavoráveis”.

O ministro destacou a importância do Sistema Único de Saúde para o enfrentamento da pandemia de covid-19 e disse também que o Brasil tem uma das maiores políticas públicas de enfrentamento às doenças cardiovasculares do mundo.

Para enfrentar a mortalidade causada pelas doenças do coração, uma das ações defendidas por Queiroga foi premiar os municípios em que as unidades básicas de saúde consigam maior controle da hipertensão arterial e do diabetes, combate ao tabagismo, controle da obesidade e estímulo à prática de atividade física.

“Nós estabelecemos metas que as unidades básicas de saúde devem cumprir para que possamos mudar a mortalidade no Brasil, e mudar a mortalidade do Brasil significa mudar a mortalidade cardiovascular e isso significa controlar os fatores de risco”.