‘Foi muito esquisito o que aconteceu’, diz governador do Rio sobre sequestro de helicóptero
Cláudio Castro afirma que não houve movimentação em penitenciária de onde criminosos seriam resgatados
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), classificou como “esquisito” o sequestro de um helicóptero para, segundo o piloto rendido, resgatar um preso no Complexo Penitenciário de Gericinó.
De acordo com o governador, a Secretaria de Administração Penitenciária não identificou qualquer movimentação atípica que indicasse uma preparação para fuga.
“Ontem [domingo, 19] mesmo falei com o secretário Fernando Veloso [Administração Penitenciária]. Perguntei se tinha alguma movimentação por lá. Ele disse que não. Por óbvio toda a investigação está sendo feita”, disse na noite desta segunda-feira (20) o governador.
“Causou estranheza a todos, porque não houve nenhuma movimentação de nenhuma natureza na penitenciária, o que causa a gente até a achar que era alguém que foi pago e que achou que teria essa condição. Foi muito esquisito o que aconteceu. Mas estamos investigando para poder entender”, declarou ele, após um evento na Procuradoria-Geral do Estado.
O piloto que relatou o sequestro foi Adonis Lopes, que é policial civil. Ele estava fazendo um serviço privado de traslado de Angra dos Reis para o Rio de Janeiro.
Segundo ele, os bandidos anunciaram o plano quando já estavam a bordo da aeronave. Para evitá-lo, o piloto afirmou que fez uma manobra para pousar em um batalhão da Polícia Militar e tentar impedir a continuidade do sequestro.
Imagens divulgadas em redes sociais mostram o momento em que o helicóptero, aparentemente desgovernado, sobrevoa a unidade da PM. Segundo Adonis, isso aconteceu porque ele travou uma luta contra os bandidos em pleno voo.
“Aquelas manobras, na verdade, não foram propositais. Aquelas manobras foram em decorrência daquela luta que ocorria na cabine do helicóptero”, disse o policial em entrevista ao “Bom Dia Brasil”, da TV Globo.
Segundo a Polícia Civil, os bandidos desistiram do plano quando perceberam que a aeronave poderia cair. Eles então mandaram o piloto seguir para Niterói, município do Rio, onde pularam em uma área de mata.
Adonis prestou depoimento sobre o sequestro na manhã desta segunda-feira (20). O caso está sendo investigado pela Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais).
Logo após a divulgação da ocorrência, o governador elogiou o piloto.
“Acabo de ligar para o piloto da @PCERJ Adonis Lopes para parabenizá-lo por seu ato heróico, representando toda corporação. Rendido e forçado a voar para o Complexo de Bangu, realizou manobra de extrema coragem, jogando por terra o plano dos criminosos. Bravo, Guerreiro!”, escreveu.
Uma ação parecida com essa já ocorreu no Rio em 1985, quando o traficante José dos Reis Encina, o Escadinha, foi resgatado de helicóptero da antiga penitenciária da Ilha Grande. Um parceiro do criminoso alugou a aeronave e forçou o piloto a pousar no presídio.
Também houve, dois anos mais tarde, em 1987, um episódio semelhante. Um helicóptero tentou resgatar presos do complexo penitenciário Frei Caneca, que ficava na região central do Rio. Após tiroteio entre os policiais e os criminosos, a aeronave caiu, matando três pessoas.