Fumaça de queimadas no Brasil ocupa 4 mil km e atinge pelo menos 5 países
Pantanal registra crescimento de mais de 100% em focos de incêndio em comparação à 2019
A fumaça das queimadas que devastam principalmente a Amazônia e o Pantanal se estende por mais de 4 mil quilômetros e chega a pelo menos cinco países vizinhos — Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai —, segundo imagem de satélite divulgada ontem pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Meteorologistas chegaram a alertar para o risco de que uma “chuva preta” caísse na cidade de São Paulo, resultado da fuligem das queimadas que viaja pelo continente. Mas a atmosfera acabou sendo “limpa” pela chuva que já caiu nos últimos dias, e o fenômeno não deve mais acontecer.
De 1º de janeiro até este sábado (19), dia da última atualização dos números do instituto, a Amazônia já registrou 70.669 focos de calor, 13,6% a mais do que todo o ano passado (62.208). No Pantanal, a situação é ainda mais grave: já são 15.968 focos neste ano, frente aos 5.505 identificados em 2019 (aumento de 190%).
Nos dois biomas, os dados destes 20 dias de setembro já superaram os do mesmo mês de 2019. Na Amazônia, foram 26.656 focos de incêndio, 33,7% a mais que o registrado em setembro do ano passado (19.925). No Pantanal, o crescimento foi de 101,4%, de 2887 para 5.815 — maior até que o balanço de 2019 inteiro (5.505).
Mourão cita “desinformação”
Mesmo com os dados alarmantes, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) voltou a questionar as acusações de que o Brasil não é capaz de cuidar do seu patrimônio ambiental, em particular a Amazônia. Em artigo publicado ontem nas redes sociais, o general pediu que as pessoas “não se deixem levar por narrativas tiradas da cartola, como o coelho daquele mágico”.
“Somos a nação que tem a matriz energética mais limpa e a maior cobertura vegetal original, chegando ao admirável valor de 84% de área nativa preservada na Amazônia e mais de 60% se considerarmos todo o território nacional. Interesses econômicos e políticos à parte, também ocorre uma certa desinformação, que termina por ganhar força junto aos que jamais pisaram na Amazônia”, escreveu.
Quanto às queimadas, Mourão disse que o Brasil não é o único país a sofrer com o problema, especialmente no período da seca. Sem apresentar dados que comprovem sua posição, o general afirmou que os incêndios por aqui “não são padrão Califórnia [Estados Unidos] ou Austrália”.
“As imagens [de satélite] acusam todos os focos de calor, o que não significa incêndio, pois qualquer área com temperatura acima de 47 ºC — uma fogueira, por exemplo — é assim identificada. Além disso, como consta no site do instituto [Inpe], é a comum a mesma queimada ser detectada por vários satélites. Os dados brutos também não distinguem as [queimadas] ilegais das legais”, justificou.
AMAZÔNIA EM CHAMAS…? Não se deixem levar por narrativas tiradas da cartola. Leia o meu artigo👇. #QueimadaNAO #ConselhoNacionalDaAmazôniaLegal pic.twitter.com/UncM4T7QHR
— General Hamilton Mourão (@GeneralMourao) September 19, 2020