Furacão Ian, de categoria 4, chega aos EUA e pode provocar ‘impactos catastróficos’
Autoridades americanas afirmam que rajadas de vento chegam a 240 km/h; um milhão de residências estão sem luz na Flórida
Autoridades dos EUA confirmaram que o furacão Ian, de categoria 4, chegou ao estado da Flórida, com ventos de até 240 km/h, e que deve provocar “impactos catastróficos” na região, como alertam os serviços de emergência. O furacão também causou estragos em Cuba, que está sem energia elétrica há mais de 12 horas.
Em mensagem, o Cento Nacional de Furacões (NHC, em inglês), o olho do furacão Ian tocou o continente perto de Cayo Costa às 16h05, pelo horário de Brasília, na categoria 4, a segunda maior na escala de furacões. Segundo o NHC, Ian já provoca “tempestades ciclônicas catastróficas, ventos e inundações” na Península da Flórida — as rajadas atingem até 240 km/h.
Os impactos em terra já foram sentidos antes mesmo de sua chegada: de acordo com um serviço que monitora cortes no fornecimento de energia nos EUA, o PowerOutage, um milhão de consumidores estão sem luz no estado. Em Cape Coral, cidade que está na rota do furacão, autoridades afirmam que há registros de “danos estruturais significativos”.
O governador Ron DeSantis declarou estado de emergência em vários condados ainda na segunda-feira, e o presidente Joe Biden autorizou a mobilização de recursos federais, que incluem, além de verbas emergenciais, a mobilização de 3,2 mil guardas nacionais e 1,8 mil soldados.
— É um furacão intenso, esperamos que ele persista ao longo da noite até amanhã — disse o diretor do Serviço de Montoramento de Emergências do Condado de Charlotte, em entrevista coletiva, pedindo a todos que estão em áreas de risco busquem abrigo imediatamente. — Ela [a tempestade] vai começar a fazer canais transbordarem, provocar deslizamentos e potencialmente atingir casas. Vamos ver uma tempestade que poderá ameaçar vidas.
Os aeroportos de Orlando foram fechados, causando o cancelamento de centenas de voos — apenas a American Airlines cancelou 600 voos. A suspensão das atividades afeta passageiros no Brasil. Os parques da Disney e da Universal ficarão fechados pelo menos até quinta, assim como outros parques temáticos da região, como o Busch Gardens.
Antes de chegar à Flórida, Ian deixou dois mortos em Cuba. Em Havana, pelo menos cinco edifícios residenciais desabaram e 68 sofreram danos parciais, e parte das ruas ficaram inundadas. Depois de 18 horas, a energia começou a ser restaurada na ilha, mas os reparos levarão mais tempo nas áreas mais afetadas . A Guarda Costeira dos EUA também procura sobreviventes do naufrágio de um bote de imigrantes cubanos que tentavam chegar ao território americano — quatro pessoas conseguiram nadar até uma ilha e foram resgatadas, mas 23 estão desaparecidas.
Um dos maiores temores das autoridades era de que Ian ganhasse força e se tornasse um furacão de categoria 5, a mais elevada na escala Saffir-Simpson, que mede a força e o potencial de destruição. Apenas duas tempestades dessa categoria, que têm ventos de mais de 250 km/h e ondas de 6 metros ou mais, atingiram os EUA nos últimos 30 anos, ambas na Flórida. Desde 1851, quando os dados começaram a ser compilados, só quatro furacões dessa magnitude atingiram o país.
Contudo, as autoridades meteorológicas americanas preveem que Ian perderá força nas próximas horas.
— Agora nós esperamos que ele se enfraqueça e fique abaixo da categoria de furacão em algum momento da noite de hoje e o começo da manhã de quinta-feira — disse o diretor interino do NHC, Michael Brennan, à CNN — Vai levar algum tempo até que ele perca força, e ele ainda será uma potente tempestade tropical quando atingir a costa Leste da Flórida.
Segundo os modelos meteorológicos, Ian deve cruzar a Flórida e levar chuva e vento forte até os estados do Sudeste americano até o final da semana e depois seguir rumo ao Norte. Na entrevista, Brennan alertou que, embora o furacão perca força, os moradores das áreas potencialmente atingidas “não devem baixar a guarda”, uma vez que a tempestade ainda será perigosa. Moradores da Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte foram aconselhados a monitorar a previsão do tempo, preparar um kit de emergência e ter à mão planos de fuga.