Garimpeiros bloqueiam rodovia no PA por legalização de garimpos e audiência com Salles
Um grupo estimado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) em 250 garimpeiros bloqueou na manhã desta…
Um grupo estimado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) em 250 garimpeiros bloqueou na manhã desta segunda-feira (9) a rodovia federal BR-163, no Pará, para pedir que o governo de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) faça a legalização de garimpos e interrompa as atividades de fiscalização do Ibama, do ICMBio e da Força Nacional na região. Os garimpeiros também exigem uma audiência com o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente).
Em agosto, o ministro disse que pretendia legalizar “800 garimpos” na Amazônia, alegando não ter condições de reprimir a atividade ilegal. O governo também está formatando um projeto de lei com o propósito de abrir a mineração em terras indígenas, atividade hoje ilegal. A abertura é repudiada por 86% dos brasileiros, segundo pesquisa Datafolha.
Conforme a Folha antecipou neste domingo (8), garimpeiros que atuavam dentro da floresta nacional do Crepori, no sudoeste do Pará, foram repelidos por fiscais ambientais na semana passada e passaram a pedir uma intervenção de Bolsonaro. Apoiados pela legislação ambiental, os fiscais incendiaram retroescavadeiras e tratores que atuavam ilegalmente dentro da área de preservação ambiental.
Segundo a PRF, o bloqueio começou por volta das 6h da manhã na altura do km 411, perto da comunidade Moraes de Almeida, município de Itaituba, a cerca de 1,3 mil km de Belém (PA). Os manifestantes decidiram liberar o trânsito a cada seis horas.
Às 15h, o protesto provocava um engarrafamento de 9 km em um dos lados da pista e de 1,2 km no outro. A PRF informou que mantém contato com os garimpeiros e que, até o momento, o protesto é pacífico.
A pauta entregue pelos manifestantes à PRF traz os seguintes pontos: “1) cessação das ações dos órgãos ambientais, que destroem os maquinários; 2) audiência com ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; 3) legalização simplificada das áreas de mineração, possibilitando que os pequenos garimpeiros desenvolvam legalmente suas atividades”.
O protesto começou a ser organizado na final da semana, em meio à fiscalização desencadeada pelo Ibama na região. Áudios foram distribuídos em grupos de aplicativos de celular para convocar os garimpeiros e seus familiares.
Um garimpeiro identificado como Ricardo disse que a manifestação teria o apoio de garimpeiros, madeireiros e empresários de diversas cidades da região, como Novo Progresso. “Então vamos reunir todo mundo na [rodovia] BR, quem puder estar lá com certeza vai estar ajudando. Nós temos que fazer volume. Vamos fazer várias faixas. Vamos fechar a BR no [local conhecido como] Rodeio. Vamos colocar uma escavadeira lá na frente. Vamos pedir para acabar com essa queimação, vamos pedir para regularizar os garimpo”, disse o garimpeiro.
Em áudios e vídeos, os garimpeiros pediram uma intervenção de Bolsonaro a fim de impedir a queima de maquinários, que é prevista na legislação ambiental e vinha sendo aplicada em anos anteriores à posse do presidente.
Os equipamentos são queimados por duas razões básicas, segundo os fiscais: dificuldade de retirada, em áreas muitas vezes com caminhos intransitáveis, e risco de os fiscais sofrerem emboscadas no momento de reboque dos equipamentos, como já ocorreu na Amazônia.
Em abril, contudo, Bolsonaro disse que havia determinado a Salles a proibição da queima de veículos usados na exploração ilegal de madeira. Em um vídeo gravado e distribuído pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), Bolsonaro aparece dizendo ser contrário às queimas ocorridas em Rondônia. Ele disse que Salles já havia mandado apurar o assunto por meio de um processo administrativo. “Não é pra queimar ninguém, nada, […] maquinário, trator, caminhão, seja o que for, não é esse procedimento, não é essa a nossa orientação”, disse o presidente, no vídeo.