CAXIAS DO SUL

Gata morre após contrair coronavírus no RS; pesquisador vê ‘caso raro’

Felino passou a apresentar os sintomas da doença duas semanas depois dos tutores positivarem para a covid-19

Gata morre após contrair coronavírus no RS; pesquisador vê 'caso raro' (Foto: Reprodução/Pixabay)

Uma gata de dois anos morreu, nesta segunda-feira (22) após ser diagnosticada com coronavírus em Caxias do Sul, na serra gaúcha. O felino passou a apresentar os sintomas da doença duas semanas depois dos tutores positivarem para a covid-19. O caso, considerado raro, foi notificado na semana passada à SFA (Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Foram realizados dois testes que comprovaram o coronavírus no organismo do animal. O primeiro foi feito na UCS (Universidade de Caxias do Sul), em 19 de fevereiro, e o resultado positivo saiu seis dias depois. Para não ter dúvidas, foi solicitado uma nova análise para a universidade Feevale, em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre. E novamente o teste, chamado de contraprova, confirmou a existência da doença no bichano.

A gata apresentava quadro de pneumonia, e morreu ontem. “Ela teve complicações secundárias, continuou com a pneumonia e foi identificada a presença de bactérias, o que provavelmente foi a causa da morte”, observou ao UOL o coordenador do laboratório de diagnóstico em medicina veterinária da UCS, André Streck. Na casa havia outros dois felinos que não se contaminaram.

Apesar de ter contraído o vírus, não se sabe ainda se desenvolveu a covid-19, o que deve ser verificado em outros testes. “É extremamente incomum um animal pegar a doença. É um caso raro. Mas é bom deixar claro que o gato se infectou com o vírus mas não sabemos se causou a doença. A pneumonia pode ter sido desencadeada por outros fatores”, explica Streck.

Não se descarta que a gata tenha contraído o coronavírus dos tutores. O virologista e professor Fernando Spilki, que realizou a contraprova, entende que outros tutores precisam tomar cuidados para evitar o contágio, apesar do diagnóstico para coronavírus ser raro em gatos. “A pessoa positiva deve tomar os mesmos cuidados que se tem com outros seres humanos. Não ficar no mesmo ambiente, não dormir junto. Vai ter que ter que se afastar durante o período, ter menos contato físico.”

Spilki explica que a carga viral – a quantidade de vírus, a grosso modo – era “relativamente baixa” no corpo da gata. Porém, os pesquisadores vão verificar se a concentração de vírus encontrado no organismo do animal era suficiente para contaminar outras pessoas ou animais. Além disso, deve ser feito o sequenciamento genético para entender se a gata contraiu alguma variante do vírus.

Em nota, a SES/RS (Secretaria Estadual da Saúde) informou ao UOL que, até o momento, ocorreu um “pequeno número” de notificações de contaminação de cães e gatos pelo mundo. O órgão observou que “várias espécies animais” podem se infectar com o vírus, porém, nenhuma delas pode ser considerada “de importância epidemiológica” para transmitir a doença.

“Com base na informação limitada disponível até o momento, não é possível afirmar que eles sejam mais suscetíveis a alguma variante específica. Um pre print recente relata a infecção de cães e gatos pela variante do Reino Unido (B.1.1.7). Todos os animais relatados neste estudo se recuperaram da doença e nenhum desses animais foi envolvido em transmissão para humanos. Neste caso, todos os proprietários que tiveram Covid-19 apresentaram sintomas antes de seus pets”, informou a secretaria.

A SES ressaltou a necessidade dos tutores tomarem cuidados para evitar a transmissão para os animais domésticos.

“As medidas de biossegurança e higiene são fundamentais para prevenir a transmissão do SARS-CoV-2 entre pessoas e animais. Pessoas com suspeita ou confirmação de infecção pelo SARS-CoV-2 devem restringir o contato com animais mamíferos, incluindo animais de estimação, da mesma forma que fariam com outras pessoas durante a doença. Se as pessoas suspeitarem de infecção pelo SARS-CoV-2 em seus animais, estes devem permanecer separados de outros animais e humanos e um veterinário deve ser consultado”, destacou o órgão.