Gato é despejado de biblioteca e moradores criam petição pela volta do animal, em MG
Lelo é castrado, vacinado e bem cuidado pela comunidade
Lelo é um gato castrado, vacinado e vermifugado que vivia desde 2018 na Biblioteca Municipal Iracema Elias, em Guaxupé, Minas Gerais. Contudo, no dia 28 de junho o diretor de Cultura da cidade, Cassiano da Silva, visitou o local e reiterou que o animal deveria ser retirado de lá. A ordem já havia sido dada por Marcos Alexandre Costa Buled, secretário de Cultura de Guaxupé.
Em maio, Silva foi à biblioteca e disse aos funcionários que um morador havia reclamado da presença de Lelo. Por isso, o diretor de Cultura pediu para que a equipe não deixasse mais o gato entrar no prédio.
Lelo, no entanto, é muito querido no local. Segundo Rodrigo Simões, auxiliar na biblioteca, nenhum funcionário do local estava disposto a ficar “expulsando o Lelo”.
“Ele já estava acostumado a entrar na casa sem impedimentos. Então decidimos que não deixaríamos ele subir nas cadeiras e mesas usadas por nós e pelos frequentadores”, conta Simões.
No final de junho, o diretor voltou lá e disse que o secretário de Cultura cobrou uma solução definitiva para o “problema”.
De acordo com o auxiliar da biblioteca, Cassiano da Silva deu opções: que alguém adotasse o felino ou o diretor voltaria com um funcionário da Vigilância Sanitária e o tiraria de lá.
Preocupado, Simões levou o gato para casa.
Porém, Lelo já é um senhor com cerca de sete anos e tem seus hábitos e seus traumas. Por três anos, o gato viveu com uma família que morava na mesma rua. Só que, em 2018, seus antigos donos mudaram de cidade e o deixaram para trás.
Ele começou a ser cuidado por Gisele Cunha, que trabalha em uma farmácia ali perto. Mas Lelo escolheu a biblioteca como seu novo lar.
Desde então, o gatinho se tornou um animal comunitário. Ele foi castrado, Simões é responsável por renovar suas vacinas e dar vermífugo, além de alimentá-lo. Frequentadores e funcionários da biblioteca criaram vínculos com Lelo e, até maio deste ano, nunca ninguém havia reclamado de sua presença.
Quando Simões o levou para casa, o felino estranhou muito o ambiente e fugiu.
Simões pediu ajuda para Gisele Cunha e eles encontraram Lelo três dias depois. “Ele estava escondido no quintal de uma casa vizinha, atualmente desocupada”, revela o auxiliar.
Cunha decidiu leva o bichano para a residência dela. “Ele chegou no dia 1º de julho, mas está difícil a adaptação. Desde então ele está no meu quarto fechado. Tento colocá-lo no quintal, que é telado, sem rota de fuga, só que tenho outros gatos e ele fica desesperado”, desabafa.
Todas as pessoas que convivem e cuidam de Lelo concordam que o ideal seria levá-lo de volta para a biblioteca. Para isso, eles até criaram a petição Devolvam o gato Lelo.
Apesar do despejo do gato, em Minas Gerais a lei estadual nº 21.970, de 15 de janeiro de 2016, que dispõe sobre a proteção, a identificação e o controle populacional de cães e gatos, prevê a existência de animais comunitários no estado, como é o caso de Lelo.
A Folha de São Paulo entrou em contato com a Prefeitura de Guaxupé, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto.