DESPEDIDA

“Gestão limpa e amplo legado”, diz ministério da Educação sobre Weintraub

Apesar dos elogios do MEC, Weintraub protagonizou polêmicas ao criticar universidades, revogar portaria que dispõe sobre cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência, além de proferir ofensas ao STF

Subprocurador do TCU suspeita de fraude sobre viagem de Weintraub

Após deixar o cargo de ministro da Educação, o professor e economista Abraham Weintraub foi elogiado pela pasta. Em nota (confira íntegra) divulgada na quinta-feira (18), o MEC disse que o ex-ministro fez uma “gestão limpa” durante o período de 1 ano e 2 meses em que ficou à frente do órgão, além de, segundo o texto, o profissional ter deixado “amplo legado”. Apesar dos elogios, a gestão foi marcada por críticas e polêmicas.

Na “homenagem”, o Ministério da Educação ressalta o comando focado, prioritariamente, nas crianças. A pasta também cita a “inovação do Enem”, bem como o “resgate dos valores familiares”, colocando a família como “protagonista no processo de aprendizagem”.

Segundo a pasta, o então ministro gerenciou “um dos maiores orçamentos da administração pública federal, R$ 150 bilhões/ano, mantendo o equilíbrio financeiro e o uso racional do dinheiro público”. O texto ressalta que o economista precisou contingenciar gastos com instituições públicas federais para não faltar recursos até o final do exercício de 2019, “que foi tido como um corte, por alarmismo, passou a ser legitimado como uma medida necessária”.

O texto cita, ainda, a criação do projeto de emissão de carteiras estudantis gratuitas e em formato digital para meia-entrada em eventos culturais; lançou o programa Novos Caminhos, com a estratégia de, até 2023, aumentar em 80% o número de matrículas em cursos profissionais e tecnológicos; lançou a “Escola de Todos”, uma ação para promover a cultura de paz nas escolas, orientando, por meio de informativos junto aos livros didáticos, como denunciar casos de bullying, desrespeito à pluralidade de ideias e à liberdade de expressão.

A nota disse também que, durante a pandemia, manteve o repasse de recursos da merenda escolar a estados e municípios. “Propôs, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que o dinheiro fosse utilizado para a compra de alimentos a serem distribuídos pelas Secretarias de Educação em kits às famílias dos alunos.”. De acordo com a pasta, cerca de R$ 2 bilhões já foram enviados.

Abraham Weintraub deixa o Ministério da Educação e vai para o Banco Mundial, onde atuará como diretor representando o Brasil.

Críticas e polêmicas

Apesar dos elogios do MEC, a gestão de Weintraub foi marcada por polêmicas dentro e fora da pasta. No último dia à frente do Ministério, por exemplo, ele revogou a portaria que assegurava cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência. Em abril, foi anunciado o congelamento de cerca de R$ 1,7 bilhões dos gastos de Universidades Federais. O então ministro associou o corte à balbúrdia que, segundo ele, é praticada em tais instituições.

Também houve corte de bolsas entre janeiro e setembro de 2019 na pós-graduação, mestrado e doutorado, além de polêmicos erros no Enem do ano passado, quando aproximadamente 6 mil estudantes foram afetados por erros na correção das provas.

Weintraub também ficou marcado por polemizar ao fazer crítica aos cursos de humanas, e acusar as universidades de ter plantações de maconha. Fora do MEC, o economista recebeu críticas ao afirmar que haveria uma “crise falsa” na Amazônia e proferir ofensas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao chamar os ministros de “vagabundos”.