Globo é condenada a pagar R$ 500 mil a atriz por assédio moral e racismo em gravações de novela
As situações teriam acontecido durante a novela 'Nos Tempos do Imperador', exibida entre 2021 e 2022

A TV Globo foi condenada pela Justiça do Trabalho a pagar uma indenização de R$ 500 mil à atriz Roberta Rodrigues por assédio moral e racismo institucional durante as gravações da novela ‘Nos Tempos do Imperador‘, exibida entre 2021 e 2022. A decisão, que ainda pode ser recorrida, foi divulgada pela colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, e confirmada pela juíza Aline Gomes Siqueira, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região.
Roberta Rodrigues, que interpretou a personagem Lupita na trama, alegou que ela e outros atores negros do elenco receberam tratamento diferenciado em relação aos atores brancos. A atriz afirmou que o ambiente de trabalho era marcado por práticas de assédio moral e racismo, o que teria contribuído para o seu adoecimento. Roberta foi diagnosticada com burnout e precisou se afastar das gravações por cerca de três meses.
A novela Nos Tempos do Imperador, que se passa durante o Brasil Império, foi alvo de críticas por “romantizar a escravidão” e apresentar erros factuais. Diante da repercussão, a Globo contratou uma revisora histórica para corrigir falhas no texto. A autora da novela também pediu desculpas publicamente após uma cena polêmica que sugeria “racismo reverso”.
O caso ganhou destaque em fevereiro de 2022, quando o departamento de compliance da Globo recebeu uma denúncia de suposto racismo nos bastidores da novela. O diretor artístico Vinicius Coimbra foi demitido no mês seguinte, após ser acusado de assédio moral. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Coimbra reconheceu erros estruturais, mas afirmou que busca combater a segregação racial.
Indenização de R$ 500 mil
A juíza Aline Gomes Siqueira entendeu que a Globo permitiu práticas de assédio moral e racismo institucional no ambiente de trabalho, violando os direitos fundamentais da atriz. Inicialmente, Roberta Rodrigues solicitou uma indenização de R$ 10 milhões, mas a Justiça fixou o valor em R$ 500 mil.
A Globo negou as acusações no processo, afirmando que não houve discriminação ou segregação racial. A emissora também destacou que Roberta continuou atuando em outras produções após o término das gravações da novela e que adota políticas de inclusão. A empresa não comentou o caso publicamente, alegando que não se manifesta sobre processos em andamento.
Nas redes sociais, Roberta celebrou a decisão judicial e compartilhou as mensagens de apoio que recebeu. “Vencemos, vencemos, vencemos. Nós fomos pegos de surpresa ontem pela matéria que saiu. Essa é uma vitória que não pertence somente a mim, essa é uma vitória que pertence a todo um povo”, declarou a atriz em um vídeo publicado em seu Instagram ao lado de seus advogados.