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A goiana Marcia Mikhael, refém do sequestro no Lindt Cafe, em Sydney, em dezembro de 2014, criticou o trabalho da polícia do país em entrevista ao programa Sunday Night, do Channel 7, neste domingo.
Marcia foi mantida como refém durante quase 17 horas, no dia 15 de dezembro de 2014, juntamente com outras 17 pessoas. Para responder cerca de trinta perguntas que foram ao ar durante uma hora e meia de programa, Marcia teria recebido AU$ 350 mil (R$ 756 mil), de acordo com a mídia australiana.
Apesar de o sequestro ter sido inicialmente considerado um ato terrorista, as operações de resgate dos reféns foram coordenadas pela polícia do estado de New South Wales. “Foi um jogo de espera. Eles (os policiais) estavam esperando Man Monis matar ou atirar em alguém. A operação policial foi reativa, não proativa”, condenou Marcia.
Os policiais só invadiram a cafeteria depois de o sequestrador matar o gerente Tori Johnson. “Eu sei que vários policiais arriscaram a vida por nós e agradeço a eles do fundo do meu coração, mas penso que o Exército seria mais apropriado para resolver a situação”, declarou, referindo-se às unidades militares de contraterrorismo.
Durante o sequestro, Marcia foi forçada a telefonar para a imprensa e a polícia com as exigências do iraniano. “Ele não estava interessado em falar com os policiais ou mais ninguém até que conversasse com o Primeiro-Ministro, mas a polícia me disse que Tony Abbott era um homem muito ocupado. Foi quando perdi as esperanças porque percebi que não haveria negociação e que estávamos abandonados ali. Ninguém viria nos salvar”, lembrou.
Na segunda-feira do sequestro, a brasileira não queria ir ao Lindt Cafe, mas os colegas do banco Westpac insistiram. Eles notaram o homem estranho com uma mochila nas costas conversando com o gerente da cafeteria, mas só perceberam que alguma coisa estava errada quando as portas foram trancadas. “Man Monis levantou, nos mostrou a arma e mandou todo mundo ficar sentado, sem se mexer”, lembra Marcia, que foi forçada a levantar a bandeira com uma mensagem islâmica na janela. “No início, estava chorando histericamente, com minhas mãos para cima”, contou
A advogada Katrina Dawson morreu ao lado de Marcia, logo após a polícia invadir o local. “Eu estava em posição fetal e senti minhas pernas serem atingidas. Estava em agonia. Ficamos no meio do fogo cruzado e me arrastei para um canto, enquanto rezava: “Por favor, Deus, por favor, preciso sair daqui viva”. Chorando, Marcia acrescentou: “Katrina estava ao meu lado e não sobreviveu. Não sei como estou viva, não entendo. Acho que é um milagre. Alguém estava cuidando de mim”, conclui. (Com o Terra)