Goiás foi o décimo estado que mais votou em Jair Bolsonaro
No estado, o candidato conseguiu mais de 2 milhões de votos. No Acre, o candidato conseguiu uma vitória expressiva, aonde conquistou mais de 70% do eleitorado local
Com 55,13% dos votos válidos, Jair Bolsonaro (PSL) se tornou o novo presidente da República e irá governar o Brasil pelos próximos quatro anos, a partir de 1° de janeiro de 2019. O militar da reserva conseguiu se consagrar vitorioso em quatro das cinco regiões brasileiras – Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Goiás foi o décimo estado que mais votou no deputado federal, dando a ele 65,52% da preferência do eleitorado, o que corresponde a 2.124.739 votos.
O estado com a diferença mais expressiva de votos em relação ao candidato derrotado do PT, Fernando Haddad, foi o Acre. Lá, o capitão do Exército ganhou com 77,22% dos votos válidos, seguido por Santa Catarina (75,92%), Rondônia (72,18%), Roraima (71,55%), Distrito Federal (69,99%), Paraná (68,43%), São Paulo (67,97%), Rio de Janeiro (67,95%) e Mato Grosso (66,42%). Também contribuíram para a vitória de Bolsonaro os estados de Mato Grosso do Sul (65,22%), Rio Grande do Sul (63,24%), Espírito Santo (63%), Minas Gerais (58,19%), Amazonas (50,27%) e Amapá (50,20%).
Para o professor de ciências políticas da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itelvides Morais, apesar da expressiva vitória de Bolsonaro em redutos eleitorais do PT, não houve tanta diferença em lugares que o partido não era acostumado a ganhar. “Analisando o cenário atual com os das eleições de 2014, notamos que o novo presidente ganhou em áreas que tinham relevância para o PT como o Norte do País e teve uma vitória expressiva em estados como Minas, Amazonas e Rio Grande do Sul, onde o partido tinha boa parte de eleitores. Apesar disso, se comparar com os demais estados, o PT nunca agiu com tamanha força. Um bom exemplo é Goiás”, explica.
Fernando Haddad
Durante 12 anos à frente do Executivo Federal, o PT foi derrotado ao conseguir exatos 47.040.859 votos. A única região que o partido venceu foi o Nordeste, sendo o Piauí com o maior índice de votos válidos, 77,05%. Logo atrás aparece o Maranhão (73,26%), Bahia (72,69%). Ceará (71,11%), Sergipe (67,54%), Pernambuco (66,50%), Paraíba (64,98%), Rio Grande do Norte (63,41%), Alagoas (59,92%), Pará (54,81%) e Tocantins (51,02%).
Essa derrota é entendida por Itelvides graças a três fatores: o descontentamento com o partido, o lado conversador tendo um representante e a força das mídias digitais. “O brasileiro sentiu falta de transparência do partido [PT] diante as acusações de corrupção. E o que pesou mais foi o discurso de fazer diferente. Outro ponto é o conservadorismo, que não é um defeito, é uma opção […] Bolsonaro foi o único candidato que soube aproveitar melhor as mídias digitais como o Facebook e WhatsApp, tanto para o bem, quanto para o mal”, destaca.
Abstenções
Os números de eleitores que não compareceram as urnas aumentaram 8,7% em relação aos número de abstenções das eleições presidenciais de 2014. Neste ano, 31.072.954 pessoas não votaram. Em 2014, 27,7 milhões de brasileiros se abstiveram da votação. O professor destaca que esse aumento pode ser entendido como uma forma de protesto de pessoas que não se identificavam com nenhum dos planos de governos.
“Muitas pessoas viam em um candidato o que batizaram de ‘velha política’ e no outro o que era vista como o retrocesso. Tínhamos outros candidatos interessantes, mas eles caíram no descrédito assim como o Fernando Haddad. Mas temos que prestar atenção que Bolsonaro enfrentará bastante dificuldades, mesmo com o aumento de seu partido na Câmara do Deputados e no Senado Federal. Ele conseguiu eleger 51 deputados e contém mais 18 de partidos que deram seu apoio, mas para aprovar uma Emenda Constitucional é necessário 308 votos. Ele tem que mostrar flexibilidade, para que não passe pelos mesmos problemas dos demais presidentes”, pontua.
*João Paulo Alexandre é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo.