COMPARATIVO

Goiás tem alta de 16,7% de casos de estupro em comparação ao primeiro semestre de 2021

Houve uma média de oito estupros por dia somente nos primeiros seis meses deste ano

Projeto garante notificação à mulheres sobre soltura e fuga de agressor em Goiás (Foto: Pixabay)

Os registros de estupro e estupro de vulnerável apresentaram alta de 16,7% (1.434 casos) no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021 (1.229 casos), em Goiás. Os números foram publicados na última semana pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Isso significa que houve uma média de oito estupros por dia somente nos primeiros seis meses deste ano.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, no ano passado a maioria dos estupros no Brasil foram cometidos por pessoas conhecidas, sendo que 75,5% foram de estupros de vulnerável e 88,2% das vítimas eram do sexo feminino.

O pico da vitimização ocorre entre os 10 e 13 anos, faixa etária que representa 31,7% do total de vítimas. Cerca de 19,1% das vítimas tinham entre 5 e 9 anos e 10,5% tinham 4 anos ou menos.

Em Goiás, um dos casos mais recentes é o da estudante Luana Marcelo Alves, de 12 anos, que desapareceu após ir a uma padaria localizada a cerca de 400 metros da casa dela, no setor Madre Germana II, em Goiânia. O ajudante de pedreiro Reidimar Silva Santos, assassino confesso da menina, admitiu ter estuprado a vítima após matá-la.

Vale mencionar ainda que, no primeiro semestre de 2022 em comparação com o mesmo período do ano anterior, houve também tendência de alta nos casos de feminicídios em Goiás (34,8%). Quando comparados os primeiros semestres de 2019 e 2022, a alta foi de 121,4%, conforme tabela do FBSP.

Outro fator de alerta é que os casos de feminicídio e de estupro não são os únicos em alta em Goiás, no primeiro semestre de 2022. Ocorrências que envolvem calúnia, difamação e injúria contra mulheres também foram recordes neste ano: 5.346 casos, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-GO).

A presidente do Centro de Valorização da Mulher (Cevam) em Goiás, Carla Monteiro avalia que mesmo com essa alta os números ainda devem ser maiores. “Porque não existe política pública de orientação. Precisa-se de uma campanha educativa básica e de massa com visão a longo prazo nas escolas. Isso se combate com educação”, afirmou.

Para ela, o acesso as Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) também influência nas notificações. “Principalmente as que estão no interior, essas mulheres levam horas para fazer uma denúncia, contando o momento em que procuram a polícia, o translado para outra cidade e todos os outros procedimentos. Por isso é difícil que seja feitas as denúncias”, acrescentou.

Comparativos

Quando comparado o primeiro semestre de 2019 com o mesmo período de 2020, a quantidade de estupros e estupros de vulnerável em Goiás teve uma queda, saindo de 1.433 para 1.262, uma redução de 11,9%. O número se manteve praticamente igual no primeiro semestre de 2021, com uma leve queda. Ao longo de todo 2020, foram 2.598 registros do tipo, número pouco menor do que os 2.710 de 2021.