ÁFRICA

Golpistas em Burkina Fasso anunciam plano para governo de transição

Burkina Fasso organizará “assembleias nacionais” em 14 e 15 de outubro para instaurar um presidente…

Burkina Fasso organizará “assembleias nacionais” em 14 e 15 de outubro para instaurar um presidente de transição até a realização de eleições no país africano, que sofreu dois golpes de Estado em oito meses.

O anúncio foi feito pelo capitão Ibrahim Traoré, que tomou o poder em 30 de setembro ao depor o governo instaurado após um golpe militar em janeiro.

Traoré, nomeado presidente interino de Burkina Fasso na última quarta-feira (5), havia afirmado que se encarregaria dos afazeres governamentais até a designação de um presidente de transição.

As assembleias reunirão representantes das forças política, sociais e da sociedade civil do país.

Em janeiro, a nação do Sahel, região marcada por violência envolvendo movimentos jihadistasassistiu à deposição do presidente Roch Kaboré por um golpe militar. Em seu lugar, assumiu o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, figura até então pouco conhecida, mas com experiência no combate ao terrorismo.

Traoré disse que estava depondo Damiba devido ao que descreveu como incapacidade de lidar com o agravamento da insurgência terrorista.

Apenas nos primeiros seis meses deste ano, segundo monitoramento da ONG americana Localização dos Conflitos Armados, grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico realizaram mais de 400 ataques em dez regiões de Burkina Fasso. Consequência direta da violência, quase 2 milhões de pessoas —10% da população— foram deslocadas pelo conflito, de acordo com o Conselho Norueguês para Refugiados.

O golpe de janeiro foi condenado pela União Africana e pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental e recebeu críticas do secretário-geral da ONU, António Guterres. Mas outros fóruns, como o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, adotaram postura branda —em parte devido à atuação da Rússia.