O governador do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB), o secretário de infraestrutura Sérgio Leão e o ex-governador Siqueira Campos são alvos de uma operação da Polícia Federal contra corrupção e lavagem de dinheiro no estado.
A operação chamada Reis do Gado foi deflagrada nesta segunda-feira (28) e também cumpre mandados no DF, GO, PA e SP. Segundo a PF, o esquema de fraudes em licitações públicas envolvia empresas de familiares e pessoas de confiança do governador. Até o momento, foram identificados que R$ 200 milhões foram efetivamente lavados.
Nesta manhã, policiais foram até a casa do governador Marcelo Miranda na quadra 404 Sul para cumprir o mandado de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para depor. No entanto, ele não estava na residência. Um chaveiro foi chamado para abrir a porta. A PF ainda não confirmou se ele foi localizado posteriormente, nem informou se havia outros mandados a cumprir no local, como de busca e apreensão.
O secretário de infraestrutura, Sérgio Leão, contra quem há um mandado de prisão temporária, foi levado para sede da PF.
O ex-governador Siqueira Campos é alvo de um mandado de condução coercitiva e está na sede da PF. A assessoria de comunicação de Siqueira disse que ele está prestando um depoimento como testemunha em um outro processo.
Ao todo estão sendo cumpridos 108 mandados em Palmas e outras cidades.
São oito mandados de prisão temporária, 24 de condução coercitiva e 76 de busca e apreensão nas cidades de Palmas e Araguaína (TO), Goiânia (GO), Brasília (DF), Caraguatatuba (SP), e nos municípios de Canãa dos Carajás, Redenção, Santa Maria, São Felix do Xingu, no Pará. Segundo a PF, os mandados foram expedidos pelo STJ.
O ESQUEMA
A ocultação do dinheiro desviado ilicitamente era feita por meio de transações imobiliárias fraudulentas, contratos de gaveta e manobras fiscais ilegais dentre os quais a compra de fazendas e de grandes quantidades de gado. Parte do valor teve por destino a formação de caixa dois para campanhas realizadas no Estado.
“Chamou atenção dos policiais o volume de algumas transações financeiras do grupo que, pela sua desproporcionalidade, denotam claramente a intenção de dissimular as vultosas movimentações ilícitas do grupo”, afirma nota d PF. Em um dos casos foi identificada um contrato de compra de gado cujo volume, segundo a perícia realizada, não caberia sequer dentro da propriedade onde pretensamente deveriam se encontrar o rebanho. Essa técnica foi apelidada pelos investigadores como “Gados de Papel”.
Em outro caso, um contrato de prestação de serviços entre o governo e uma empresa de transportes aéreos alcançou valores tão exorbitantes que, sendo dimensionadas em horas de voo, obrigariam os aviões a serem abastecidos no ar para que se pudesse suprir o valor integral do contrato.
Os investigados responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva, fraudes à licitação e organização criminosa.
O nome da operação “Reis do gado” foi dado em razão dos principais investigados serem grandes pecuaristas no Estado do Pará e o gado era a destinação de grande parte do dinheiro desviado, onde se operava verdadeira lavagem de dinheiro.
Esta é a terceira grande operação da PF no Estado desde o dia 13 de outubro, quando a Ápia foi deflagrada, com a prisão do ex-governador Sandoval Cardoso, para investigar desvios de recursos públicos em obras de pavimentação e terraplanagem no Estado. No dia 10 de novembro foi a vez do prefeito de Palmas, Carlos Amastha, ser alvo da Operação Nosotros, que apura suposta fraude envolvendo o processo de licitação para construção do BRT na Capital, no valor aproximado de R$ 260 milhões, e pressão que estaria ocorrendo contra propriedades de áreas.
Os suspeitos devem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, corrupção passiva e fraudes à licitação