CRISE

Governadores consideram gravíssimas as denúncias apresentadas por Moro

Para mandatários, crise política é inoportuna em meio ao combate à pandemia de coronavírus

Defesa de Moro pede posição da PGR sobre depoimento de Bolsonaro na PF - (Foto: Agência Brasil)

Governadores e vice de cinco estados consideraram gravíssimas as alegações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro e pedem investigações sobre possível interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Além disso, dizem que a crise aberta com a saída de Moro da pasta é inoportuna num momento em que os esforços do governo federal deveriam estar canalizados no combate à pandemia de coronavírus.

A turbulência política deve prejudicar a retomada das atividades, dizem os mandatários reunidos numa live sobre as estratégias de retomada da economia, promovida nesta sexta pela ONG Comunitas, de inovação na gestão pública.

O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (DEM) disse que com a saída de Moro fica mais difícil a interlocução de governos estaduais com a União num momento de guerra de narrativas entre governadores e o presidente sobre a estratégia de retomada da economia.

– A crise de saúde está sendo piorada por uma guerra de narrativas entre governadores e o presidente na questão do isolamento, o que dificulta a vida dos governadores. Com a saída de Moro esse trabalho fica mais difícil. Moro simboliza o combate à corrupção e a esperança de um Brasil passado a limpo e melhor para as gerações futuras. A sociedade brasileira fica perplexa com essa saída num momento de crise.

Para o governador mineiro Romeu Zema (Novo), as interferências na PF citadas por Moro são um retrocesso político.

– Há um Brasil até a Lava-Jato e outro pós Lava-Jato. Desde toda pessoa que está no setor público sabe que pode sofrer consequências se não agir bem. Ir contra isso é lamentável.

Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás, a saída de Moro afeta o combate à pandemia.

– A tomada de decisão (pela saída de Moro) é inoportuna e só dificulta a construção de harmonia politica. A hora de é fazer o essencial, que é salvar vidas.

Para Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, a saída de Moro desvia a atenção do combate ao vírus e deve retardar a retomada da economia.

– A saída de Moro se torna mais grave na forma de como ministro sai, fazendo uma denuncia de interferência na Polícia Federal, algo grave e que requer investigação. A crise política agora tumultua, desviando atenção e energia que já deveria estar concentrada na crise sanitaria e econômica.

Helder Barbalho (MDB), do Pará, diz estar preocupado com os desdobramentos da crise.

– Assisto com preocupação essa crise. Espero que governo não perca o foco no combate ao coronavirus. Temos que nos unir e não deixar que divergências políticas comprometam o combate ao coronavírus.