Governo pode priorizar primeira dose da vacina para reduzir contaminação, diz Pazuello
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta segunda-feira (11), que o governo quer priorizar…
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta segunda-feira (11), que o governo quer priorizar a primeira dose da vacina contra a Covid-19 para fazer a imunização em massa da população. Somente depois dessa fase, seria iniciada a segunda aplicação no país.
Durante evento em Manaus, Pazuello fez a afirmação quando se referia ao uso da vacina do laboratório AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O ministro afirmou que a primeira dose da vacina proporciona uma proteção de 71%, enquanto as duas aplicações combinadas levaria a imunização “para cerca de 90%”:
— É uma estratégia que a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde) vai fazer para reduzir a pandemia. Talvez o foco não seja na imunidade completa, mas na redução da contaminação, e aí a pandemia diminui muito — afirmou.
No evento, Pazuello fez um novo balanço de todas as vacinas que poderão ser utilizadas no país e voltou a dizer que somente a produção doméstica possibilitará a imunização em massa da população. “Ficou difícil para as importadas”, afirmou.
De acordo com o ministro, a análise de uso emergencial em andamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) corresponde a 6 milhões de doses de Coronavac importadas da China e outras 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca trazidas da Índia.
Pazuello acredita que, se a aplicação de todas essas doses começar ainda em janeiro, o Brasil “terá a capacidade de liderar rapidamente o número de imunizações do mundo”, considerando a capacidade instalada no Sistema Único de Saúde (SUS).
O ministro informou ainda que, na avaliação do governo, a vacina do laboratório Janssen “é a melhor de todas”, mas que a capacidade de entrega é de apenas 3 milhões de doses em maio. Ele também reclamou do preço da vacina da Moderna (US$ 37 a dose) e das condições exigidas pela Pfizer.
Apesar da campanha contra as vacinas, promovida abertamente pelo presidente Jair Bolsonaro, Pazuello reconheceu que a população quer ser vacinada, mas defendeu que a imunização não seja obrigatória. “Lembrando que existem outros poderes na República”, afirmou.
Ele também voltou a dizer que a vacinação vai começar em todo o país no mesmo dia e horário. Nesta mesma segunda-feira, no entanto, o governo de São Paulo anunciou seu plano de vacinação que prevê início da vacinação no dia 25 de janeiro.
— Vai começar no ‘dia D’ e na ‘hora H’ em todos os estados brasileiros — disse Pazuello.
Reajuste salarial
Na avaliação de Pazuello, que também tratou do tema, reivindicações de reajuste salarial por profissionais de saúde, feitas neste momento, “ficam parecendo extorsão”.
— Precisamos reverenciar o pessoal que está trabalhando e trazer de volta o pessoal que cansou. O momento, agora, não é de reivindicações, não é de abono salarial, o momento é de salvar vidas — afirmou o ministro. — A discussão não pode ser ‘o quanto eu ganho’, ‘quanto eu vou ganhar’, ‘estou esperando meu aumento há seis anos’. Esse não é o momento, senão fica parecendo uma extorsão.