HENRY BOREL

Henry morreu em quatro horas após lesão no fígado, diz médico legista

Responsável por exame de necropsia no corpo do menino respondeu a 16 perguntas elaboradas por delegado para ajudar na conclusão do inquérito

Menino morreu após ser brutalmente agredido pelo padrasto, Dr. Jairinho (Foto: Arquivo Pessoal)

O perito legista Leonardo Huber Tauil, responsável pelos dois exames de necropsia no corpo de Henry Borel Medeiros, de 4 anos, respondeu a 16 perguntas elaborados pelo delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), sobre as 23 lesões atestadas nos documentos. As questões fazem parte do laudo complementar do Instituto Médico Legal (IML) e foram incluídas no relatório final do inquérito que apura a morte do menino, durante a madrugada de 8 de março, no apartamento 203 do bloco I do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, onde ele morava com a mãe, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, e o padrasto, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido). O casal está preso desde 8 de abril por homicídio duplamente qualificado, por emprego de tortura e impossibilidade de defesa da criança.

De acordo com o laudo, ao qual o GLOBO teve acesso, Henry morreu em um intervalo de quatro horas após sofrer hemorragia interna provocada por lesão hepática. Como peritos concluíram que ele já havia falecido ao ser socorrido por Monique e Jairinho às 4h09, o óbito deve ter acontecido entre 23h30 e 3h30.

Huber Tauil ainda respondeu que Henry apresentava lesões nas áreas “nasal” e “infra orbital” compatíveis com escoriações causadas por unhas. Assim como uma ferida no lábio provocada durante uma tentativa de entubação no Hospital Barra Dor, os peritos acreditam que os machucados tenham sido causados também pelas pediatras nas manobras de reanimação do menino, que já chegou morto à unidade de saúde.

O legista descreve também que, segundo o Boletim de Atendimento Médico, Henry deu entrada na emergência com rigidez de mandíbula, temperatura de 34 graus e flacidez do restante do corpo. Como a morte foi atestada como suspeita, às 5h42, um registro de ocorrência para a remoção do cadáver foi feito na 16ª DP e o menino foi encaminhado ao IML, no Centro do Rio.

Também fazem parte do relatório novas mensagens recuperadas no celular de Monique, que revelam que a professora demonstrou gratidão à empregada da família, Leila Rosângela de Souza Mattos, após ela ter dado seu primeiro depoimento à polícia sobre a morte da criança. Como se sabe, na primeira versão, a doméstica negou saber de qualquer conflito familiar, mas, num segundo depoimento, revelou estar no apartamento da família, no dia 12 de fevereiro, quando Henry teria sido agredido pelo vereador.

Dois dias depois de depor pela primeira vez, no dia 23 de março, Leila Rosângela recebeu uma mensagem de Monique. Às 0h37, a mãe de Henry escreveu: “Dorme bem. E não nos abandone. Você, mesmo por pouco tempo, já faz parte das nossas vidas. Só não perde a fé. Ore por nós”, disse Monique. A empregada respondeu: “Durma bem também! Eu não vou abandonar. Vou orar sempre. Beijos”.

No dia 14 de abril, quando o casal já estava preso sob suspeita da morte de Henry, Leila Rosângela voltou a prestar depoimento e fez revelações sobre uma suposta rotina de violência contra Henry investigada pela polícia. Ela admitiu ter visto o garoto com “cara de apavorado” e mancando, o que teria acontecido após ter relatado que levou “chutes” e “bandas” do parlamentar no dia 12 de fevereiro, cerca de um mês antes do assassinato da criança. Dr. Jairinho, de acordo com ela e a babá Thayna Oliveira, tinha se trancado no quarto com Henry.