Homem é suspeito de se passar por médico em hospital municipal de São Paulo
Kelvin Farias chegou a ser detido e alegou à polícia que ia ao local para jantar
A Polícia Civil investiga um homem suspeito de se passar por médico e atender pacientes no Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Ele também é acusado de importunação sexual. Guardas-civis metropolitanos detiveram Kelvin Oliveira de Farias, de 30 anos, na noite da última quarta (19). Eles foram acionados por um segurança do hospital.
Kelvin Oliveira de Farias, que não faz parte nem do quadro de médicos do hospital nem das empresas parceiras, nega as acusações.
Segundo o depoimento prestado pelo segurança, ele havia sido procurado por uma acompanhante de um paciente, no dia anterior à detenção, relatando que um médico daquela unidade teria feito contato por meio do Instagram, algo incomum.
O segurança já havia recebido queixas de copeiras de que um médico realizava suas refeições fora do horário. Com isso, resolveu verificar nos registros das câmeras de monitoramento quem era o médico citado.
A apuração interna levou a um homem que esteve na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do hospital nos dias 3, 17 e 18 deste mês.
Nesta quinta (20), Farias chegou ao hospital de jaleco e com um estetoscópio. Também carregava uma pequena bolsa com kit de primeiros socorros. Ao ser abordado por seguranças, foi solicitado seu crachá, além de ser questionado sobre suas funções no local.
Conforme o boletim de ocorrência, Farias respondeu que fazia estágio na unidade. Depois, mudou a versão e disse que se vestia de médico para jantar no refeitório. Em seguida, GCMs foram chamados e o levaram para o 11º DP (Santo Amaro).
Na delegacia, uma técnica de enfermagem disse que, no dia 17 deste mês, ao perceber que o Farias estava na sala de ortopedia, aproveitou para pedir que ele verificasse os exames dela.
De acordo com o depoimento dela, o homem pegou os exames e aparentemente os examinou. No entanto, em seguida, solicitou que ela abaixasse a calça e passou a alisar costas dela com as mãos. Ele também teria a questionado sobre a vida sexual dela. A mulher disse ter desconfiado da atitude e saído da sala.
O diretor administrativo do hospital disse à polícia ter sido informado por funcionárias do refeitório sobre um médico que se alimentava fora do horário e que assinava a refeição em nome de outro médico.
Além disso, recebeu um relatório da equipe de enfermagem que apontava que uma pessoa estaria abordando mães de pacientes infantis pelos corredores identificando-se como membro do corpo assistencial.
À polícia, Farias disse que faz curso de primeiros socorros no CEU (Centro de Educação Unificado) Campo Limpo. Ele relatou que foi ao hospital diversas vezes para jantar e, para isso, assinava em nome de outra pessoa.
Quanto ao jaleco com bordado “Faculdade de Biomedicina UNIFMU”, disse ter comprado há muito tempo, mas não se lembrava de quem. Em relação ao estetoscópio e kit primeiros socorros, ele afirmou ser de sua propriedade e de uso de seu curso.
Farias foi liberado após prestar depoimento. Os objetos que ele carregava foram apreendidos.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde disse que, tão logo tomou conhecimento do caso, a direção do hospital acionou a GCM, que conteve o suspeito. A pasta acrescentou que colabora com a investigação policial e que instaurou um processo administrativo para averiguar o que houve.
Segundo o delegado Pietrantonio Minichillo de Araújo, titular do 11º DP, foram requisitadas imagens de câmeras para tentar confirmar se o suspeito realizou atendimentos ou se de fato se dirigia ao local só para fazer refeições.