Homem gay é agredido e tem suástica desenhada na testa em ataque em MG
A vítima relatou à PM que os agressores tinham pele e olhos claros e suásticas tatuadas no pescoço
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga denúncia de ataque homofóbico de simpatizantes nazistas contra o dono de uma lan house na cidade de Itaguara, município da região metropolitana de Belo Horizonte, a 100 quilômetros da capital. A vítima, de 48 anos, teve a suástica desenhada na testa e sofreu um corte na parte inferior das costas.
O ataque ocorreu na noite desta terça-feira (13). O dono da lan house relatou à Polícia Militar que havia acabado de atender clientes quando quatro homens entraram na loja, que funciona na casa onde mora, e o agrediram.
O homem afirmou que esse mesmo grupo o havia perseguido na região central da cidade na quinta-feira (8). Segundo a vítima, na ocasião, os quatro o chamaram de “porco-gay”. O dono da lan house, no momento da perseguição, notou a presença de uma viatura da PM, se dirigiu ao veículo e o grupo se afastou. Não houve registro desta ocorrência às autoridades.
A vítima também relatou à PM que os agressores tinham pele e olhos claros e suásticas tatuadas no pescoço. Disse que, durante o ataque na noite de terça, injetaram uma substância em seu corpo com seringa e que, depois disso, desmaiou. Quando acordou, notou manchas de sangue no chão e viu que os agressores não estavam mais no local.
O dono da lan house chamou o Samu, que acionou a PM, por volta das 21h. A vítima foi levada para a Santa Casa de Misericórdia de Itaguara. Foi medicada e levou 20 pontos no corte, sofrido próximo às nádegas. O hospital informou que o homem já teve alta, mas não repassou detalhes sobre os ferimentos. A reportagem não conseguiu contato com a vítima.
A PM informou que não foram localizados na cidade indivíduos com as características citadas pelo dono da lan house.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que instaurou inquérito para investigar crime de lesão corporal. “Após os fatos, a vítima foi encaminhada para atendimento médico e, a princípio, não há testemunha que possa colaborar com informações”, diz a corporação, no texto.
“A investigação tramita na 9ª Delegacia de Polícia Civil em Itaguara, onde os trabalhos investigativos estão em andamento para apurar as circunstâncias, o motivo e a autoria do crime. A PCMG não descarta nenhuma linha investigativa. Outras informações serão repassadas em momento oportuno”, conclui a corporação, no comunicado.
O nazista de Unaí Em dezembro de 2019, a Polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para investigar outro episódio envolvendo nazismo.
À época, um homem usando braçadeira com a suástica, imitando oficiais de Adolf Hitler, foi filmado em um bar de Unaí, região noroeste de Minas, a 600 quilômetros da capital. As imagens circularam pela internet.
Em janeiro do ano passado o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o portador da suástica, identificado como José Eugênio Adjuto, com base no Artigo 20 da Lei 7716/89, que proíbe fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. A pena é de dois a cinco anos de prisão, além de multa.
Em depoimento à Polícia Civil, Adjuto disse ter descoberto em pesquisas na internet que a suástica era utilizada como amuleto de sorte antes de passar a ser usada pelos nazistas.
Afirmou ainda sofrer de depressão e ansiedade. O processo ainda corre no Fórum de Unaí e tem como “terceiro” a Federação Israelita do Estado de Minas Gerais. Na condição, a entidade está habilitada a intervir na ação caso ache necessário.