Homem negro preso por PM sob gritos de ‘vai gritar Lula na África’ diz que vai à Justiça
O homem negro detido neste domingo, data do primeiro turno das eleições, sob gritos de ‘vai…
O homem negro detido neste domingo, data do primeiro turno das eleições, sob gritos de ‘vai gritar Lula na África’, disse que irá à Justiça processar o PM envolvido no episódio por injúria racial. Nascido em Cabo Verde, ele, que preferiu não se identificar, foi liberado pela polícia em decorrência da falta de provas de que estaria cometendo boca de urna, como alegou o agente responsável pela prisão.
A prisão aconteceu, segundo relatou o homem de 32 anos, enquanto ele estava no quintal de sua casa, preparando um churrasco com amigos, no bairro residêncial Brasília, no município de Novo Gama, em Goiás.
— Não vou admitir esse ato de violência, de covardia. Um policial que defende a integridade física da população deveria conhecer as regras, não fazer o contrário — disse.
Vizinhos e amigos filmaram o momento em que o homem foi preso, e a gravação viralizou nas redes sociais. De acordo com o seu relato, o momento festivo foi interrompido pela chegada de um PM, que o questionou do porquê ele estaria gritando o nome do candidato petista.
— Minha casa fica a 200 metros do local das urnas. É longe. Eu disse a ele: com todo o respeito, senhor, mas você passou dos limites, sair de lá e vir até aqui me intimidar — diz o homem, que pediu ainda ao policial para se retirar do lote — Ele começou a me ameaçar e tirou a pistola, dentro da minha casa.
Guardas Municipais que estavam na área foram acionados para ajudarem na prisão. Ainda de acordo com o homem, foi o policial quem o mandou “gritar Lula na África”.
O cabo-verdiano, que se mudou para o Brasil há oito anos, acabou sendo liberado pela ausência de provas, já que não levava consigo santinhos ou material de campanha de nenhum candidato. Solto, ele foi levado até a sua casa pela Guarda Municipal.
O que dizem as autoridades
Em nota, a PM disse ter determinado a abertura de um procedimento administrativo para apurar o caso. Até o final da investigação, o agente envolvido no episódio será mantido afastado. O Ministério Público de Goiás instaurou um ofício para apurar o caso e pediu à Polícia Militar a identidade dos agentes envolvidos no episódio e mais informações sobre a abordagem.
A presidente do Partido dos Trabalhadores de Goiás Kátia Maria se manifestou sobre o caso nas suas redes sociais.
“As imagens mostram cenas de racismo e violência política juntas. Ambas configuram crime e foram cometidas pelo Estado, o que é mais grave ainda. Não vamos permitir intimidação, perseguição política e policial aos apoiadores do Lula em Goiás (…) Exigimos do Governador Ronaldo Caiado a apuração imediata do caso, a punição dos culpados e a orientação da corporação para que novos casos como esses não se repitam em Goiás.”
O secretário de Combate ao Racismo do PT em Goiás, Gabriel Eduardo, acompanha o caso. Segundo ele, a conduta do PM pode ser classificada como um caso de xenofobia, injúria racial e abuso de autoridade.