IML aponta degola como causa da morte de Daniel e limpeza na cena do crime
Edison Brittes Júnior, o Juninho Riqueza, assumiu a autoria do crime. Juninho e mais seis pessoas estão presas.
Os laudos periciais da morte do jogador Daniel Corrêa em 27 de outubro foram apresentados nesta quinta-feira (22), na sede do Instituto Médico Legal de Curitiba. As autoridades chegaram à conclusão de que o jogador foi morto por degola parcial de sua cabeça. Os peritos não puderam esclarecer, no entanto, se Daniel já estava morto quando seu pênis foi cortado.
Edison Brittes Júnior, o Juninho Riqueza, assumiu a autoria do crime. Juninho e mais seis pessoas estão presas.
“A necropsia foi realizada pela médica legista Regina Gomes. Foi constatado que de fato a causa mortis foi a degola parcial. Chegou a haver a exposição da coluna cervical”, explicou o diretor do IML, Paulino Pastre. O perito disse que não é possível confirmar qual corte foi feito primeiro, se o do pescoço ou o da região genital.
“Havia na região amputada coágulos e são evidências de que esta lesão ocorreu muito proximamente ao momento da degola, mas não há possibilidade de precisar quanto tempo. Não há possibilidade de se precisar qual lesão ocorreu primeiro, mas é possível que tenha ocorrido muito próximo. Não há como precisar se ele estava vivo quando emascularam o órgão, mas a causa da morte foi a degola”, afirmou Paulino Pastre.
Daniel foi morto após uma sessão de espancamento na casa dos Brittes. Seu corpo foi encontrado com sinais de tortura horas depois.
Durante a entrevista coletiva, o diretor do IML chegou a dizer que o pênis de Daniel havia sido arrancado depois do corte de seu pescoço. Posteriormente, Paulino Pastre voltou atrás e afirmou que não seria possível precisar com certeza a ordem cronológica das lesões.
“Possivelmente ele não estava vivo no momento que o órgão foi cortado. Pelos dados que temos, possivelmente a degola aconteceu anteriormente. A região tinha pouco sangue e coágulo e não aparentava a semelhança da anteriormente a degola”, afirmou.
Apesar de a polícia não ter encontrado a faca usada no crime, que Juninho diz ter jogado em um rio da região, os peritos disseram que ela era “extremamente afiada”. “”Foi um instrumento extremamente afiado, por isso foi classificado como extremamente cortante. As lesões não possuem nem uma rugosidade, nem uma irregularidade. Foi um instrumento altamente afiado, o mesmo da degola”, disse Paulino.
Limpeza da cena
Foram três perícias no local onde o corpo do jogador foi encontrado, uma plantação de pinheiros na estrada do Mergulhão, em São José dos Pinhais (PR). Os peritos também examinaram a casa dos Brittes, onde a família realizava uma festa de aniversário à filha Allana, além de um exame no carro Veloster no qual o jogador foi levado.
“Havia claros sinais de que ambos os locais [carro e casa] haviam sido submetidos a uma limpeza. Foi utilizado um agente químico, o luminol, que detectou a presença de sangue. Foram detectadas quatro marcas no carro e três na residência”, afirmou o perito Marcelo Malaguini.
O resultado do laudo é importante porque confirma o depoimento das testemunhas, que já tinham falado da limpeza na cena do crime. Allana e Cristiana Brittes foram indiciadas por fraude processual, por terem mexido no local em que Daniel começou a ser espancado.
Daniel arrastado
Outro elemento que pode ser usado como prova no momento do julgamento é a conclusão de que Daniel foi arrastado por duas pessoas, o que pode implicar outros suspeitos além de Juninho Brittes.
“Sobre a questão do arrasto, a necropsia constatou lesões na região dorsal, mas não são lesões muito intensas, não são sinais significativos. O que quer dizer que provavelmente o arrasto deve ter acontecido por duas pessoas, uma segurando pelo braço e e outra segurando pelos pés. Provavelmente eram duas pessoas”, disse Paulino. Os amigos de Allana que estão presos sob suspeita de participação na morte de Daniel negam que tenham ajudado Juninho a matar o jogador.
Os exames no corpo de Daniel também constaram que ele tinha um corte de cinco centímetro na região do supercílio esquerdo. “Não havia lesões intracranianas, nem torácica e intra-abdominal”, disse Paulino.
A perícia constatou que a porta do quarto do casal foi realmente arrombada durante a confusão na casa, mas não concluiu detalhes mais relevantes para a investigação como se o arrombamento foi antes ou depois de Daniel ser retirado da residência.
Sete denunciados
Nilton Ribeiro, contratado pela família de Daniel para assistir a promotoria, disse que o Ministério Público irá denunciar os setes suspeitos que atualmente estão presos pelo crime. “A família encontra-se em estado de luto profundo, mas de certa forma está agradecida pela presteza tão grande na prestação do inquérito. Eu estava em tempo real com a família aqui e agradeceram aos peritos. Isso traz um conforto mesmo que o Daniel não possa voltar.”
Os sete indiciados sob suspeita de envolvimento na morte de Daniel são:
Edison Brittes – homicídio qualificado e ocultação de cadáver;
Eduardo da Silva – homicídio qualificado e ocultação de cadáver;
Ygor King – homicídio qualificado e ocultação de cadáver;
David Willian da Silva – homicídio qualificado e ocultação de cadáver;
Cristiana Brittes – coação de testemunha e fraude processual;
Allana Brittes – coação de testemunha e fraude processual;
Eduardo Purkote – lesões corporais graves.