SEM PREVISÃO

Servidores do Inmet anunciam paralisação de funções por falta de pessoal e orçamento

Ministério da Agricultura nega que haverá interrupção de atividades; sindicato diz que 60% dos meteorologistas operacionais (previsores) são terceirizados e estão de aviso prévio

Serviço oficial de meteorologia do Brasil, o Instituto Nacional de Metereologia (Inmet) anunciou paralização de funções a partir do dia 15, segunda-feira, por falta de pessoal e recursos. O órgão é responsável pela previsão e monitoramento do tempo e emissão de avisos meteorológicos especiais pelo país.

O anúncio foi divulgado pelo Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Estado de São Paulo. De acordo com nota divulgada pela instituição, o instituto vem perdendo orçamento desde que perdeu autonomia, quando deixou de responder diretamente ao gabinete do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e foi subordinado às secretarias.

Em nota, o Mapa nega que haverá a paralisação e que “está sempre à disposição para dialogar com qualquer ente interessado sobre o tema, bem como estamos atentos a toda e qualquer divulgação equivocada e/ou de conteúdo que promova a fake news”. Também afirma que “a continuidade e a eficácia dos serviços do Inmet estão entre as prioridades do Mapa” (veja a nota completa abaixo).

A nota pede, entre outras reivindicações, uma reunião com o ministro Carlos Fávaro; a manutenção e ampliação da equipe técnica e demais funcionários terceirizados; e a recuperação da autonomia administrativa do Inmet com orçamento adequado.

Segundo a Sidsef-SP, a Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI), “parece não entender o papel e a importância do Inmet como serviço oficial de meteorologia do Brasil, por vezes enfraquecendo o órgão, puxando para si cargos e trabalhadores terceirizados”.

O enfraquecimento do órgão acontece em meio a um aumento de demanda de previsões meteorológicas por conta da maior recorrência e intensidade de eventos climáticos, como as chuvas que provocaram a tragédia no Rio Grande do Sul em maio.

Corte de meteorologistas

De acordo com a nota, desde 2020 o orçamento do Inmet é insuficiente para chegar ao fim do ano. Em 2024, de acordo com o sindicato, não foi possível chegar nem até o final do primeiro semestre.

O sindicato aponta que conta com um quadro de “absurdamente restrito” e tem funcionado graças a contratação de mão de obra terceirizada. No entanto, trabalhadores contratados após um convênio com a Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (Fundecc), vinculada a Universidade Federal de Lavras (UFLA), receberam, de acordo com a nota, aviso prévio de demissão que se encerra em meados de junho.

Esse grupo de terceirizados representa 60% dos meteorologistas operacionais (previsores) e 100% dos analistas de sistema que mantêm toda a estrutura do instituto, contempla ainda 50% da assessoria de comunicação nacional e 100% da internacional.

“O instituto é extremamente dependente de mão de obra terceirizada, inclusive altamente especializada nos diversos ramos da meteorologia (análise e previsão de tempo, climatologia, modelagem numérica, agrometeorologia, instrumentação meteorológica, banco de dados etc)”, argumenta o texto.

Outra reclamação dos servidores é a diferenciação de carreiras criadas após a mudança de uma lei de 2013. De acordo com o sindicato, os atuais servidores foram excluídos do Plano de Carreiras da área de Ciência e Tecnologia e, com isso, foi criado “uma diferenciação absurda em relação aos novos concursados”.

Veja a nota do Mapa

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) esclarece que não procede a informação de uma possível paralisação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Além disso, cabe destacar que o Mapa está sempre à disposição para dialogar com qualquer ente interessado sobre o tema, bem como estamos atentos a toda e qualquer divulgação equivocada e/ou de conteúdo que promova a Fake News.

O Inmet desempenha um papel fundamental no monitoramento climático e na resposta a tragédias naturais. Seus serviços são essenciais para a coleta e análise de dados meteorológicos, fornecendo informações indispensáveis para a gestão de riscos e a tomada de decisões estratégicas, especialmente em situações adversas como a enfrentada atualmente pelo estado do Rio Grande do Sul.

A continuidade e a eficácia dos serviços do Inmet estão entre as prioridades do Mapa, garantindo que o instituto siga desempenhando sua missão de fornecer dados meteorológicos precisos e confiáveis, contribuindo assim para o combate às mudanças climáticas e para a segurança da população.

Texto: Agência O Globo