Investidores apontam falhas em assembleia que elegeu conselho da Petrobras
Segundo associação, problema é sistêmico e demanda melhorias no modelo de votação à distância
A Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais) questiona o modelo de votação na assembleia de acionistas que elegeu o novo conselho de administração da Petrobras, realizada há duas semanas.
Segundo o presidente da entidade, Fábio Coelho, o problema já foi percebido também em outras empresas, o que indica uma questão sistêmica. “[Esses investidores] participam de assembleias em dezenas de países e colocam o Brasil como mais complexo”, diz.
Na assembleia da Petrobras, o governo conseguiu ocupar sete das oito cadeiras disponíveis, contendo uma tentativa de avanço dos minoritários no colegiado. Entre os eleitos pela União, está o novo presidente da companhia, o general Joaquim Silva e Luna.
A Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais) questiona o modelo de votação na assembleia de acionistas que elegeu o novo conselho de administração da Petrobras, realizada há duas semanas.
Segundo o presidente da entidade, Fábio Coelho, o problema já foi percebido também em outras empresas, o que indica uma questão sistêmica. “[Esses investidores] participam de assembleias em dezenas de países e colocam o Brasil como mais complexo”, diz.
Na assembleia da Petrobras, o governo conseguiu ocupar sete das oito cadeiras disponíveis, contendo uma tentativa de avanço dos minoritários no colegiado. Entre os eleitos pela União, está o novo presidente da companhia, o general Joaquim Silva e Luna.
Segundo Coelho, esses números seriam suficientes para alterar o resultado da votação. Ao anunciar a renúncia, Gasparino afirmava que o mapa consolidado de votação “não refletiu o desejo desses investidores”.
Distorções na contagem dos votos foram alvo de questionamentos de representantes dos minoritários no conselho ainda durante a assembleia. Eles chegaram a pedir que a eleição fosse suspensa, mas a proposta foi negada pelo presidente da assembleia, o advogado Francisco Costa e Silva.
O conselho da Petrobras tem 11 cadeiras, oito delas geralmente ocupadas por indicados do governo. Outras duas são reservadas a acionistas minoritários e a última, a um representante dos trabalhadores da estatal.
Em julho de 2020, os minoritários conseguiram emplacar um nome nas cadeiras tradicionalmente ocupadas pelo governo, nomeando o advogado Leonardo Pietro Antonelli. A ideia era conseguir avançar sobre ao menos mais uma vaga, para limitar a possibilidade de intervenção nos negócios da companhia.
Acionistas estrangeiros podem optar pelo voto à distância, mecanismo que permite que investidores de outros países participem de assembleias. Coelho diz, porém, que diferenças nas cédulas em inglês e português podem ter contribuído para o problema.
Além das diferenças nas cédulas, Amec citou entre os problemas da votação a existência de vários intermediários no processos de apuração dos votos, os prazos exíguos para o preenchimento dos votos e a complexidade dos boletins de voto à distância.
“A dificuldade fica ainda maior quando se trata de eleição por voto múltiplo, situação em que os investidores devem não só indicar os candidatos escolhidos mas também o percentual de suas ações que será alocada em cada um”, diz Coelho.
Para ele, ainda não é possível identificar os responsáveis pelos problemas, mas a Amec já começa a trabalhar em um esforço para apontar melhorias no sistema para evitar a repetição do fato.
Coelho disse, porém, que independente do resultado da assembleia, os novos conselheiros têm a responsabilidade de “trazer um pouco mais de tranquilidade e reduzir incertezas que foram criadas nas últimas semanas”.
Ele se refere a recentes sinais de interferência política em estatais, que culminaram com a renúncia de conselheiros independentes não só na Petrobras, mas também na Eletrobras e no Banco do Brasil. “O que a gente viu foi uma volatilidade pelo grau de incertezas, um ruído muito grande”, afirmou. “Mas a gente já percebe que os sistemas de governança dão sinais de que vão funcionar.