Investigações apontam que duas famílias fraudaram mais de R$ 2 milhões em licitações na Saneago
Há indícios de que dois conglomerados de empresas eram responsáveis por fraudes em licitações na…
Há indícios de que dois conglomerados de empresas eram responsáveis por fraudes em licitações na Saneago. Foi isso o que afirmou o promotor de justiça Walter Otsuka na tarde desta terça-feira (7), após a deflagração da Operação Gota D’Água pelo Ministério Público hoje em Goiânia.
Durante a manhã de hoje, foram cumpridos cinco mandados de condução coercitiva contra integrantes das empresas envolvidas e 11 mandados de busca e apreensão nas residencias dos supeitos e na sede das empresas.
O Ministério Público iniciou as investigações em 2015, depois de receber uma denúncia anônima sobre a fraude. Segundo Otsuka, foi apurado que determinados grupos de empresas faziam parte, na verdade, de um mesmo conglomerado e simulavam concorrência nos processos licitatórios da Saneago. “Elas entravam em determinado item da disputa, simulando concorrência e, dessa forma, elas restringiam o caráter competitivo da licitação”, ressalta o promotor.
Os grupos abriam empresas em nome de parentes, que funcionavam como laranjas no esquema. O primeiro conglomerado é formado por duas firmas de serralheira, que confeccionam materiais de sinalização. Em uma delas, pai e filha fazem parte do quadro societário. Na outra, apenas a filha é proprietária.
O segundo grupo é composto por quatro empresas de material hidráulico e os donos delas são integrantes de uma mesma família. De acordo com o promotor, apesar do mesmo modo de atuação, os conglomerados eram independentes e não tinham relação entre si.
As investigações apontam ainda que os grupos atuavam desde 2010. Em varredura nos processos licitatórios, o promotor encontrou pelo menos cinco licitações que foram fraudadas. O prejuízo, avalia Otsuka, é de cerca de R$ 2,2 milhões. “Em uma das licitações, por exemplo, uma das empresas era uma firma individual e o nome da firma era o nome da pessoa e ela concorreu representando a outra empresa. Havia contrato social dela como sócia da outra empresa e ela apresentou a proposta por essa outra empresa. Então a gente fica meio perplexo. Como é que isso passa pela Comissão de Licitação? passa pelo Controle Interno, pelo pregoeiro?”, questiona.
Durante a busca e apreensão realizada hoje, os promotores tiveram acesso a documentos que revelam que algumas empresas ainda forneciam materiais que não fazem parte do leque de produtos da firma a um valor superfaturado. “Então uma das linhas agora que a gente passa atuar é no sentido de ver se existe algum aliciamento dessas empresas também”, afirmou Ostuka.
O promotor ainda destacou que, até o momento, não há indícios da participação de servidores públicos no esquema, mas as investigações continuam, em sigilo.
Prisões
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão nas residencias dos supeitos e nas empresas na manhã de hoje foram apreendidos computadores, tablets, celulares, dinheiro e diversos documentos que vão auxiliar nas investigações. Mas o que o promotor não esperava é encontrar até drogas e armas com os empresários.
Segundo Otsuka, dos cinco que foram ouvidos hoje, três acabaram tendo a prisão em flagrante: um por portar uma arma de fogo, outro por posse de uma porção de ecstasy (droga sintética), e mais um por estar com munições. Eles foram encaminhados até a Polícia Civil.